HAIA, 22 MAI (ANSA) – O ex-ministro da Defesa de Ruanda Augustin Bizimana, um dos principais suspeitos de envolvimento no genocídio tutsi no país africano, está morto desde agosto de 2000.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (22) pelo Mecanismo para Tribunais Criminais Internacionais (MICT), corte das Nações Unidas (ONU) responsável por executar as funções dos tribunais relativos a Ruanda e Iugoslávia, cujos mandatos já expiraram.
Em 1998, Bizimana havia sido formalmente acusado pela corte internacional da ONU para Ruanda por genocídio, homicídio, estupro e tortura durante o massacre que dizimou entre 800 mil e 1 milhão de pessoas, a maioria delas tutsis, em 1994.
O genocídio foi conduzido por extremistas hutus, a etnia majoritária em Ruanda. Segundo a ONU, uma investigação concluiu que restos mortais encontrados em um túmulo em Pointe-Noire, na República do Congo, pertencem a Bizimana, um dos principais expoentes do governo genocida.
O anúncio chega seis dias depois da prisão em Paris, na França, de um dos últimos suspeitos foragidos, Félicien Kabuga, acusado de ter criado a milícia hutu Interahamwe, principal autora material do genocídio.
História – O ódio étnico em Ruanda já vinha sendo insuflado desde que a Bélgica assumira o controle do então protetorado alemão, durante a Primeira Guerra Mundial. Inicialmente, os europeus apoiaram a elite tutsi que comandava a região.
Depois, na década de 1950, passaram a sustentar os oprimidos hutus, a quem ajudaram a tomar o controle de Ruanda e a implantar um sistema segregacionista contra seus rivais. Ao se retirar do território, em 1962, ano da independência ruandesa, a Bélgica deixou um caldeirão pronto para explodir a qualquer momento. Sob o comando do presidente Juvénal Habyarimana, no poder a partir de 1973, os hutus perseguiram os tutsis durante as décadas seguintes, promovendo matanças esporádicas ao longo do tempo.
Até que, em 6 de abril de 1994, o avião de Habyarimana sofreu um atentado enquanto sobrevoava Kigali, e o Poder Hutu, grupo radical que pregava o extermínio da outra etnia, tomou seu lugar. A partir daí, o que se viu foi uma carnificina sem precedentes, sob o olhar conivente da comunidade internacional e a impotência das Nações Unidas.
O massacre só terminou em julho do mesmo ano, graças ao avanço da Frente Patriótica Ruandesa, guerrilha tutsi que tinha Paul Kagame como um de seus líderes. Foram entre 800 mil e 1 milhão de mortos em apenas três meses, em um país com pouco mais de 10 milhões de habitantes.
Kagame assumiu a Presidência em 2000 e, desde então, não deu sinais de que pretende deixar o cargo. (ANSA)