A dirigente do Banco Central Europeu (BCE) Isabel Schnabel ressaltou nesta sexta-feira, 22, que o processo de desinflação da zona do euro irá desacelerar nos próximos meses. De acordo com ela, o desaparecimento dos choques de oferta e arrefecimento nos processos de energia foram os responsáveis até o momento pelo declínio acentuado da inflação, e agora devem contribuir menos para o alívio das pressões.

“Essas projeções são consistentes coma perspectiva de que a última parte da luta contra a inflação será a mais difícil. Agora, nosso trabalho realmente começa e lidaremos com a segunda rodada dos efeitos inflacionários”, afirmou Schnabel, durante evento em Milão.

Entretanto, ela pondera que ainda há possibilidade deste processo ser mais fácil do que o esperado.

A dirigente comentou também sobre o mercado de trabalho apertado da zona do euro, observando que o forte avanço salarial junto a queda da produtividade pressionam os custos de mão de obra. Schnabel espera que as margens de lucro robustas de empresas em 2024 absorvam esses custos elevados de mão de obra, mas alerta que existem riscos. “A dúvida é se empresas vão se sentir motivadas a manter um alto repasse nos preços, caso a economia volte a acelerar”, apontou, acrescentando que este cenário pode resultar em novo repique da inflação.

Schnabel demonstrou preocupação com o relaxamento das condições financeiras graças a precificação do mercado de cortes de juros em 2024, mesmo antes de os dirigentes do BCE entrarem em consenso sobre o assunto.

Ela ainda comentou sobre o mercado imobiliário europeu e notou os reflexos heterogêneos do aperto monetário no arrefecimento do setor, com um declínio mais acentuado em preços do mercado comercial na Alemanha e na Itália, contra um aumento generalizado nos preços de moradias da zona do euro.