Estudo liderado pelo Imperial College de Londres, e publicado na quinta-feira na revista Science, mostra que 90% dos países com as maiores emissões de gases do efeito estufa têm metas climáticas para zerar suas emissões com baixa ou muita baixa probabilidade de serem cumpridas. O Brasil está entre eles.

As metas estabelecidas pelo Acordo de Paris incluem manter o aumento da temperatura abaixo de 2°C em relação à temperatura média antes da Revolução Industrial e, idealmente, abaixo de 1,5°C. Atingir o nível de “emissões líquidas zero”, em que, além da diminuição de gases do efeito estufa lançados na atmosfera, as emissões remanescentes são compensadas, é a principal maneira de atingir esse objetivo.

Para isso, os países submetem à ONU, suas NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas), ou a meta de redução de emissões de gases do efeito estufa. O Brasil, por exemplo, formalizou a sua em abril de 2022 após reações negativas por ter apresentado meta para 2030 mais baixa do que o País havia previsto em Paris, em 2015.

O que a pesquisa publicada nesta quinta-feira faz – contando com apoio de cientistas brasileiros – é avaliar os compromissos de atingir as “emissões líquidas zero” dentro das NDCs de 34 países e União Europeia. Entre os itens analisados estão o ano em que a meta deve ser atingida (a China, por exemplo, estabeleceu 2060), se esse compromisso traz consequências legais se for descumprido, o quão robusto cientificamente cada plano é e se o país está no “caminho correto” para cumprimento. Além da União Europeia, apenas Reino Unido e Nova Zelândia, tiveram seus planos considerados de Alta Confiança.

BRASIL

Apesar de seu compromisso, o Brasil, por exemplo, registrou a maior alta nas emissões de gases de efeito estufa em 19 anos, segundo levantamento do Observatório do Clima. A elevação, de 12,2%, ocorreu em 2021 em relação ao ano anterior, e tem como principal causa o desmatamento. Dos 35 planos analisados, por exemplo, apenas 12 são juridicamente vinculativos (têm consequências legais por descumprimento). O Brasil não está entre eles.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.