Os planos do prefeito João Doria de privatizar o Autódromo de Interlagos não preocupam o GP do Brasil de Fórmula 1. Mas, por precaução, o promotor do evento, Tamas Rohonyi, já tem um plano B. A corrida, que vem sendo disputada em São Paulo desde 1990, poderia voltar ao Rio, onde o evento foi realizado na década de 1980.

“O plano B é a cidade do Rio de Janeiro. Todos os prefeitos do Rio dos últimos 20 anos pediram para a gente voltar para o Rio. Mas há 20 anos temos contrato em São Paulo. Nunca surgiu nem a oportunidade para discutir o assunto. Se surgir, certamente conversaremos”, afirmou Rohonyi ao Estado, nesta segunda-feira.

A nova ameaça sobre o GP em São Paulo teve início com a eleição de Doria em outubro do ano passado. Uma de suas metas é privatizar diversos equipamentos públicos da capital, incluindo o Autódromo de Interlagos, na zona sul. E a venda do circuito traria natural incerteza sobre a permanência da corrida na capital paulista.

No Rio, o GP teria casa nova porque o antigo autódromo de Jacarepaguá, que recebia as corridas nos anos 80, foi demolido em 2012 por conta das obras dos Jogos Olímpicos de 2016. “Seguramente, se a decisão do prefeito do Rio e dos proprietários da F-1 for de voltar ao Rio, o autódromo seria ‘zero bala’, construído de acordo com as normas atuais”, previu o dono dos direitos do GP da F-1 no Brasil.

No entanto, ele espera que o plano B não seja necessário. “Estamos conversando com o prefeito e com a pessoa responsável pelo projeto de privatização. E já ficou claro que a decisão do senhor João Dória é a de que quem adquirir o direto de explorar o terreno do autódromo terá a obrigação de cumprir com todas as responsabilidades da prefeitura para com o GP, conforme especificado em contrato”, disse Rohonyi.

Confiante, ele acredita que a eventual privatização do circuito não deve afetar a vocação automobilística do local. “É o único autódromo internacional de licença 1 do Brasil. Acho que o prefeito entendeu que perder este autódromo seria o fim do automobilismo do Brasil”, declarou.

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Mas Rohonyi admitiu que a eventual concessão do território preocupa pela possibilidade de danos ao traçado durante a realização de outros eventos sem conexão com automobilismo, caso dos shows, por exemplo. É comum que caminhões usem a pista para o transporte da infraestrutura de palco, o que pode danificar o asfalto.

“Claro que essa é uma preocupação dos proprietários do autódromo porque, para a F-1, o padrão da pista precisa ser elevado”, disse Rohonyi, citando o contrato da prefeitura com o GP. “Só que tem um custo. Eu fico preocupado, e até chateado, quando dizem ‘puxa vida, a F-1 custa uma fortuna para recuperar a pista’. Não é a F-1 que estraga a pista. Quem estraga a pista são os outros eventos.”

ATENDIMENTO MÉDICO – O promotor do GP brasileiro conversou com os jornalistas nesta segunda ao anunciar a mudança na área médica da corrida. A partir deste ano, a prova será atendida pelo Hospital Leforte, em substituição ao Hospital São Luiz, que era o oficial até 2016. O Leforte assinou contrato de quatro anos para prestar atendimento médico especial a pilotos e equipes durante o GP, que nesta temporada será disputado entre os dias 10, 11 e 12 de novembro.

Pelo planejamento do hospital, o atendimento vai incluir oito ambulâncias, um helicóptero e cerca de 30 médicos de diferentes especialidades. Ao todo, serão 120 pessoas envolvidas no GP que atuarão também em dois leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) montados no Autódromo de Interlagos.


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