ROMA, 12 OUT (ANSA) – Por Claudio Accogli – Enquanto Israel vive um clima de grande expectativa pela iminente libertação dos reféns que sobreviveram ao cativeiro do Hamas, a incerteza reina entre os palestinos, que ainda não sabem exatamente quem serão os quase 2 mil prisioneiros libertados no âmbito do acordo de cessar-fogo.
O pacto prevê a soltura de 250 condenados à prisão perpétua e de 1.722 pessoas detidas nos dois anos de guerra em Gaza, incluindo 22 menores de idade, mas a lista definitiva ainda é objeto de negociações.
O Hamas insiste principalmente pela libertação de sete prisioneiros de alto escalão, entre os quais Marwan Barghouti e Ahmad Sa’adat. O primeiro, apelidado de “Mandela palestino”, é membro do partido laico Fatah e desconta cinco penas de prisão perpétua, enquanto o segundo é da Frente pela Libertação da Palestina e cumpre pena de 30 anos de cadeia.
Seja como for, dos 250 detentos de segurança máxima na lista publicada pelo Ministério da Justiça israelense, 15 serão libertados em Jerusalém Oriental, 135 serão expulsos para Gaza ou para o exterior, principalmente Turquia e Qatar, e outros 100 serão libertados na Cisjordânia, a menos que haja surpresas de última hora.
Enquanto isso, segundo a agência de notícias palestina Wafa, soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI) invadiram as residências de pelo menos oito dos presos que aguardam libertação em Nablus, na Cisjordânia ocupada, e as revistaram.
O irmão de um deles foi algemado, e o aviso dos militares aos familiares teria sido o de não celebrar a soltura dos prisioneiros. Outras incursões foram relatadas em Hebron e Deir Samet, nas casas de três condenados à prisão perpétua.
Há ainda mais de 1,7 mil prisioneiros sobre os quais se sabe pouco ou nada. Dos cerca de 6 mil palestinos presos desde 7 de outubro de 2023, apenas um quarto deles foi identificado como combatente ou afiliado a organizações terroristas, segundo o jornal britânico The Guardian.
Nas prisões de Israel, “há profissionais de saúde, professores, funcionários públicos, profissionais de mídia, escritores, doentes, deficientes e crianças”, de acordo com o diário.
O que parece certo é que as portas da prisão não se abrirão para os médicos Hussam Abu Safiya e Marwan Al Hams, ambos diretores de hospitais em Gaza e acusados por Israel de ligação com o Hamas, mas “sem provas”, segundo as numerosas ONGs de direitos humanos que pedem sua libertação. (ANSA).