Durante sua participação na estreia no quadro “Dança dos Famosos 2025”, do programa ‘Domingão com Huck’, da Globo, Priscila Fantin, de 42 anos, revelou que enfrentou o climatério sem saber. A atriz contou que sentia dores nos ossos e uma queda significativa na disposição física, o que tornou os treinos ainda mais desafiadores. “Meu corpo gritava. O mais difícil foi lidar com aquele momento sem entender que se tratava do climatério”, relatou.
O que é o climatério?
Segundo a ginecologista Dra. Patricia Magier, formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e idealizadora do Método Plena, o climatério representa a transição do período fértil da mulher para a fase não reprodutiva. Esse processo pode começar anos antes da última menstruação e se estender por até uma década. Envolve alterações hormonais graduais e costuma trazer uma série de mudanças físicas, emocionais e metabólicas.
Entre os sintomas mais recorrentes estão o cansaço persistente e a sensação de indisposição. O ginecologista Dr. Nélio Veiga Júnior, mestre e doutor em Tocoginecologia pela Unicamp, explica que a oscilação e a posterior queda dos níveis hormonais ovarianos afetam diretamente o metabolismo feminino. “Essas alterações podem afetar o sono e provocar ondas de calor, especialmente à noite, comprometendo o descanso e gerando fadiga, irritabilidade e alterações de humor”, detalha.
O Dr. Igor Padovesi, ginecologista certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e autor do livro Menopausa Sem Medo, reforça que a chamada síndrome do climatério abrange todas as etapas hormonais: da perimenopausa à pós-menopausa. Ele explica que esse período pode durar de 3 a 10 anos antes da menopausa em si, e que sua duração varia bastante entre as mulheres.
Sintomas como insônia, calores, dores articulares, alterações de humor, esquecimento, ganho de peso, ansiedade, diminuição da libido e até quadros depressivos são comuns nessa fase. “Para algumas mulheres, os sintomas diminuem com o tempo, mas para outras, podem persistir por anos”, afirma Padovesi.
Além dos sintomas imediatos, a menopausa não tratada pode levar a complicações a longo prazo, como a perda de massa óssea (que aumenta o risco de osteoporose e fraturas) e a síndrome geniturinária, caracterizada por ressecamento e atrofia vaginal, entre outros efeitos.
Abordagens e tratamentos recomendados
O Dr. Nélio defende que o tratamento do climatério deve envolver uma equipe multidisciplinar e começar por mudanças no estilo de vida. “Prática regular de exercícios físicos, alimentação equilibrada, controle de peso, evitar cigarro, álcool e cafeína, além de técnicas de gerenciamento do estresse, como meditação e ioga, são fundamentais”, recomenda.
A suplementação com vitaminas e minerais — como cálcio e vitamina D — é indicada para a prevenção de osteoporose. Já a terapia de reposição hormonal (TRH) é apontada como eficaz para aliviar sintomas intensos, melhorar a qualidade do sono e controlar os fogachos.
Para a Dra. Patricia, cada fase desse processo requer um olhar específico. “Na perimenopausa, o foco é suavizar as oscilações hormonais; na menopausa, é compensar a queda desses hormônios; e na pós-menopausa, o objetivo é prevenir doenças crônicas e manter o bem-estar com um plano de cuidados contínuo.”
O Dr. Igor acrescenta que praticamente todas as mulheres podem se beneficiar da reposição hormonal, inclusive de forma preventiva, desde que com protocolos adaptados a cada caso. “Ela pode começar ainda na perimenopausa e continuar na pós-menopausa, conforme necessidade individual.”
A Dra. Patricia reforça que os benefícios da TRH incluem menor risco de Alzheimer, melhora da função sexual e urogenital, além da preservação da qualidade de vida.
O Dr. Igor conclui com um alerta importante: “É essencial buscar um profissional capacitado, que siga protocolos atualizados e faça uma avaliação completa. O tratamento deve ser sempre personalizado. Não existe fórmula pronta”.