MOSCOU, 30 JUL (ANSA) – Após prender um grupo de mercenários russos nesta quarta-feira (29), o governo de Belarus acusou os suspeitos por “atos de terrorismo” e de “desordem em massa” no país. Outros 200 são procurados.
Os 33 detidos, identificados como membros do Grupo Wagner, foram presos pouco dias antes do país realizar suas eleições presidenciais, programadas para 9 de agosto. O controverso presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, que está no poder desde 1994, tenta vencer sua sexta eleição consecutiva e vem acusando os opositores de serem apoiados por Moscou.
Além das acusações, uma nota oficial divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores afirma que foi fechado um acordo com a Ucrânia para “intensificar a cooperação na fronteira para evitar a desestabilização das situações políticas de ambos os países”.
Conforme Minsk, alguns dos supostos milicianos eram cidadãos ucranianos e atuaram em zonas de conflitos separatistas, conhecidas como Donbass. Ainda no comunicado, o chefe da Embaixada ucraniana na capital de Belarus, Petro Vrublevsky, se comprometeu a passar “informações que podem ser utilizadas para uma análise completa e uma avaliação sobre os motivos da presença deles” no país.
Após as decisões do governo de Lukashenko – que sempre manteve uma relação “cordial” com Vladimir Putin -, o porta-voz da Presidência da Rússia, Dmitri Peskov, informou que o governo não tem conhecimento do que os russos faziam na ex-República soviética.
“Hoje, o nosso embaixador está se comunicando com o Ministério das Relações Exteriores e com os colegas de Minsk. Nós esperamos que em consequência dessa comunicação, assim como através dos canais de comunicação com os serviços secretos, teremos informações mais completas sobre o que aconteceu”, ressaltou Peskov aos jornalistas.
O representante do governo russo afirmou ainda que as acusações de que a Rússia queira interferir nas eleições de Belarus são “apenas insinuações” e que Moscou tem “informações incompletas sobre o que aconteceu”.
“Por enquanto, podemos informar que o que sabemos é que 33 cidadãos russos foram presos em Belarus ontem e que 200 pessoas ainda são procuradas. Não há nenhuma informação sobre eventuais ações ilegais dos russos que poderiam ser a razão de suas prisões. Nós não sabemos nada disso”, pontuou.
“Porém, nós estamos vendo e ouvindo as declarações oficiais dos representantes de Minsk que os russos estariam envolvidos em planos de desestabilização da situação no território de Belarus em vista das eleições presidenciais. Não dispomos de mais nenhuma informação”, finalizou Peskov, ressaltando que Moscou e Minsk “sempre foram aliados muito próximos”.
No entanto, o chamado Grupo Wagner é acusado de realizar diversos tipos de ações criminosas – e até com cunho político – em países que fizeram parte da antiga União Soviética. Moscou sempre negou qualquer ligação com os mercenários. (ANSA).