A recente prisão de um russo por alegadas atividades de “desestabilização” contra os Jogos de Paris ilustra as preocupações de última hora dos organizadores de que Moscou possa tentar perturbar o evento, que começa na próxima sexta-feira (26).
O homem, nascido em 1984, foi preso em sua casa em Paris esta semana e é suspeito de “espionagem junto a uma potência estrangeira para provocar hostilidades na França”, informou a promotoria na última terça-feira (23).
O jornal Le Monde indicou que a polícia encontrou documentos “de interesse diplomático” no seu apartamento, e que ele é suspeito de trabalhar para o serviço de segurança russo, o FSB, depois de ter aparecido em reality shows televisivos e de ter trabalhado durante algum tempo como chef em uma estação de esqui francesa.
“Pensamos fortemente que ele iria organizar operações de desestabilização, interferência, espionagem”, disse, nesta quarta-feira (24), o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, ao canal BFMTV, apontando para uma variedade de pistas: “Podem ser ataques cibernéticos que precisem de uma cumplicidade, poderia ser manipulação de informações…”.
O indivíduo “está nas mãos da justiça, que poderá esclarecer as suspeitas da polícia”, explicou o ministro, comentando que a presença do suspeito em solo francês é recente.
Darmanin lembrou que “outros indivíduos russos” foram recentemente detidos na capital, e que as autoridades francesas têm observado uma campanha de desinformação que visa desacreditar os Jogos Olímpicos de Paris.
O ministro recordou um vídeo muito recente nas redes sociais de um alegado representante do movimento islamista palestino Hamas, que ameaça a França com ataques por acolher atletas israelenses, mas que se revelou ser um conteúdo falso.
“Pensamos que se trata de um vídeo falso difundido por contas que, pelo que vemos, são pró-Kremlin, pró-Rússia”, afirmou o ministro, denunciando uma “multiplicidade” de manobras que poderão “causar danos ao nosso país e despertar preocupação”.
Quase todos os atletas russos foram excluídos das competições dos Jogos de Paris como medida de retaliação diplomática à invasão russa da Ucrânia, e apenas quinze participarão sob bandeira neutra.
No fim de semana, Darmanin revelou que as autoridades francesas rejeitaram um “grande número” de pedidos de cidadãos russos para serem credenciados como jornalistas e acompanharem os Jogos, devido a suspeitas de que poderiam ser, na verdade, espiões. Os pedidos de voluntariado de cidadãos russos também foram negados.
A Rússia negou o seu envolvimento em qualquer operação de desestabilização contra os Jogos de Paris e disse que a recusa de credenciamento a repórteres russos “viola a liberdade de imprensa”.
Em abril, o presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que “não tinha dúvidas” de que a Rússia tinha como alvo a organização dos Jogos Olímpicos, “incluindo a esfera informativa”.
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