Prisão de Bolsonaro divide redes, mas maioria das postagens é favorável, diz Quaest

Jair Bolsonaro
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Foto: Evaristo SA/AFP

O decreto de prisão domiciliar expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provocou uma repercussão dividida nas redes sociais, com leve vantagem para as manifestações favoráveis à medida.

Os dados são da Quaest, que coletou 1,16 milhão de menções à prisão nas plataformas digitais até às 21h de segunda-feira, 4, horas após o decreto. Entre as publicações, 53% continham manifestações favoráveis ao decreto, e 47%, posições contrárias.

O instituto também monitorou os termos mais citados nas plataformas. “Bolsonaro preso” foi dominante nas postagens favoráveis à prisão, enquanto a campanha “Vingança não é justiça“, encampada por lideranças bolsonaristas e crítica a Moraes, levou o termo a se destacar na nuvem de palavras.

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Moraes

O ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo decreto de prisão

Prisão de Bolsonaro

Moraes determinou a punição pelo descumprimento de medidas cautelares. Para decretar a medida, o magistrado apontou uma publicação feita pelo filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em que colocou uma fala do ex-chefe do Planalto nos atos no Rio de Janeiro. A publicação foi excluída horas depois por “insegurança jurídica”.

“Ignorando e desrespeitando o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, o réu reiterou sua conduta delitiva, diversas vezes, tanto na produção de imagens, quanto nas ligações de áudio e vídeo, como também na divulgação maciça de seu apoio, via divulgação de suas imagens nas redes sociais, em relação às medidas coercitivas aos SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, com o claro intuito de obstruir a justiça, evidenciando a continuidade delitiva em relação aos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração penal que envolve organização criminosa”, disse o ministro, em sua decisão.

“O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o Senador FLÁVIO NANTES BOLSONARO, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil, na rede social Instagram, com a finalidade de omitir a transgressão legal”, apontou.

Em outro trecho da decisão, o ministro do STF citou o momento em que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) mostra uma imagem do ex-presidente assistindo às manifestações. O conteúdo foi transmitido no canal do pastor Silas Malafaia, organizador dos atos na Avenida Paulista, realizados no domingo, 3.

“A justiça é cega, mas não é tola. A justiça não permitirá que um réu a faça de tola, achando que ficará impune por ter poder político e econômico. A justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares – pela segunda vez – deve sofrer as consequências legais”, reforçou o ministro.

Além da prisão domiciliar, Moraes restringiu a visitas ao ex-presidente. Apenas os advogados e familiares próximos estão autorizados a irem à casa de Bolsonaro. Outros aliados deverão pedir autorização ao STF. O ministro ainda proibiu o uso de celulares por ele ou terceiros e manteve a proibição de se aproximar e manter contato com embaixadores.

Em nota, a defesa do ex-presidente disse estar surpresa com a decisão e questionou as contradições entre as decisões de Moraes. Os advogados ressaltaram que vão recorrer da decisão.