Diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Rogério Sampaio diz que a entidade está de braços abertos para as confederações não olímpicas. Mas afirma que o COB está com as mãos amarradas para poder apresentar maior ajuda a estas afiliadas, que recebem recursos públicos somente para a participação nos Jogos Pan-Americanos, a cada quatro anos.

Em entrevista ao Estadão, ele admite que a prioridade são as confederações de modalidades olímpicas. No entanto, deixou em aberto um possível estudo da lei das loterias para futura avaliação do COB. Neste caso, o Comitê Olímpico precisaria alterar seu estatuto para poder direcionar parte destes recursos às demais confederações.

Confira os principais trechos da conversa:

A entrada das confederações não olímpicas no GET é um primeiro passo para uma maior ajuda do COB às entidades?

O COB entende que a participação das modalidades pan-americanas nos Jogos Pan-Americanos é de extrema importância para o nosso desenvolvimento, como tivemos agora em Lima-2019 a melhor participação do esporte brasileiro (em uma edição do Pan). Entendemos também que estas modalidades, em médio prazo, podem fazer parte em algum momento dos Jogos Olímpicos. E queremos ter um excelente desempenho nestas modalidades. Estaremos disponíveis, sempre que possível, para apoiar estas modalidades.

A atual gestão do COB cogita repassar recursos das loterias federais também às confederações não olímpicas no futuro?

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O COB deseja o melhor desempenho para todas as modalidades ligadas a ele. Quando a gente fala em repassar recursos, falamos em atender as modalidades com a estrutura ideal para que possam se desenvolver. No momento, os recursos estão sendo priorizadas para as modalidades que fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos. Inclusive este próximo ciclo olímpico terá duas edições dos Jogos: Tóquio-2020 (adiados para 2021) e Paris-2024. Teremos que fazer um esforço muito grande de investimento para ter boas presenças. Mas entendemos também que estas modalidades devem ter um atendimento que propicie ter um bom desempenho.

Há interpretações da lei que permitem o direcionamento de recursos para estas entidades?

Teríamos que fazer um estudo para ver se a lei permite isso. Mas no momento temos um controle muito grande do recurso. E a prioridade são as modalidades que participam dos Jogos Olímpicos.

Hoje as confederações não olímpicas não têm direito a voto para eleger o presidente do COB e nem podem participar das assembleias. Isso pode mudar no futuro?

A atual gestão do COB atende estritamente aquilo que está escrito no Estatuto do COB. E o Estatuto dá direito a voto às modalidades olímpicas, aos membros do COI e à comissão de atletas. Se a Assembleia, em algum momento, achar que deve ter uma mudança estatutária, a atual gestão vai cumprir toda a mudança que for aprovada. O que cabe à atual gestão é cumprir aquilo que o Estatuto diz.

Por que as confederações em geral estão sofrendo para obter patrocínio?

Precisamos ocupar um espaço que possamos divulgar as modalidades. Tem algumas modalidades que não têm transmissão televisiva dentro do país. Sem espaço, fica difícil ter patrocinador. Depois de 2016, passamos por uma retração econômica. mas estou muito confiante sobre nosso próximo ciclo olímpico.

Como surgiu o GET?

Depois dos Jogos do Rio-2016, havia o anseio da sociedade para que a gestão esportiva fosse mais transparente, com o uso de algumas ferramentas da gestão corporativa das empresas privadas. O grande mérito do COB foi ter tido a sensibilidade de no momento certo sentir a necessidade em relação a este anseio da sociedade. E ter se fortalecido com a contratação de profissionais que pudessem trazer tudo aquilo que imaginavam para o programa.

O programa é considerado bem-sucedido pelo COB?

Sim, basta ver os números em relação ao avanço. Nós não estamos sentados em berço esplêndido. Entendemos que precisamos avançar mais. O COB não pensa pequeno na questão da gestão esportiva. Sempre falo que ninguém vai ficar para trás. E temos conseguido isso. A única comparação que faço é o estágio que temos hoje com o que tínhamos em 2017. Entendemos que existe um período de maturidade.


Há previsão de ampliar o GET nos próximos anos?

O investimento continua. Não só o investimento em termos de recursos financeiros, mas também de energia. É um avanço que conseguimos no segundo semestre de 2020. É cada vez mais o GET se integrando a todas as áreas. Antes o programa existia talvez no início um pouco isolado internamente, aplicando algumas regras da gestão corporativa das empresas. E hoje o que vemos é o GET se integrando a outras áreas da gestão do COB.

Qual é o orçamento anual do programa?

A área do GET não é uma área cara. Depois que todo o programa está pronto, tudo é feito através de e-mail. Temos treinamentos ao longo do ano, algumas visitas que ocorrem. São aproximadamente R$ 500 mil por ano. E, talvez pelo valor investido, é uma das áreas que mais traz resultado. O orçamento será mantido para 2021.


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