Um juiz do Reino Unido decidiu, nesta sexta-feira (15), que o príncipe Harry foi vítima de escutas telefônicas por parte de jornalistas do Mirror Group Newspapers (MGN), pelo qual o grupo editorial deverá indenizá-lo com 140.600 libras (US$ 178.500 ou R$ 887.139 na cotação atual) em perdas e danos.

O juiz do Tribunal Superior de Londres estimou que 15 das 33 matérias apresentadas como prova pelo filho caçula do rei Charles III foram resultado da invasão de seu sistema de mensagens por parte da editora que publica The Mirror, Sunday Mirror e Sunday People.

O príncipe Harry celebrou, através de seu advogado, a condenação por estas escutas telefônicas e prometeu continuar se defendendo nos tribunais contra a imprensa.

“A sentença proferida hoje me justifica e me dá confiança”, declarou, em nome do duque de Sussex, seu advogado, David Sherborne, em um comunicado muito virulento contra as práticas da imprensa para com o membro da família real.

‘Missão continua’

O príncipe, que está envolvido em vários processos judiciais contra os tabloides britânicos, termina o texto garantindo que não desistirá de seus esforços.

“A missão continua”, acrescentou, na mesma nota, Harry, que se mudou para os Estados Unidos com sua mulher, Meghan, e seus dois filhos, após se distanciar de sua família.

Em sua avaliação dos acontecimentos, o juiz Timothy Fancourt entendeu que o celular do príncipe havia sido “hackeado”, ainda que “em uma extensão modesta”.

“Considero que seu telefone (de Harry) foi hackeado apenas de forma modesta e que, provavelmente, foi controlado cuidadosamente por certas pessoas em cada jornal”, disse Fancourt.

O príncipe de 39 anos denunciou o grupo de imprensa por hackear suas mensagens de voz e obter informações ilegalmente, recorrendo a detetives particulares.

O grupo rejeitou a maioria das acusações, questionando em particular a invasão de mensagens, mas pediu desculpas pelos procedimentos ilegais em cinco dos 33 artigos, como o uso de um detetive particular em relação à ida a uma boate em 2004.

“Quando ocorrem irregularidades históricas, pedimos desculpas sem reservas, assumimos toda a responsabilidade e pagamos uma indenização adequada”, escreveu o grupo editorial condenado.

O magistrado destacou, em seu julgamento, a “tendência” do príncipe Harry de pensar que “tudo o que era publicado era produto de mensagens de voz ‘hackeadas'”, porque essa prática “prevalecia no Mirror Group naquele momento”.

Mas essa prática “não era a única ferramenta jornalística nesse momento”, razão pela qual rejeitou as acusações do príncipe nos outros 18 artigos apresentados.

O juiz concluiu que os jornais fizeram “extensas” escutas telefônicas de celebridades entre 2006 e 2011, incluindo quando estava em curso uma investigação pública sobre a conduta da imprensa britânica.

Durante o julgamento, Harry prestou depoimento durante oito horas, distribuídas em dois dias de audiência, em junho passado.