São Paulo, 01 – O sócio-diretor da Agroconsult, André Pessôa, avaliou nesta quinta-feira, 1, que, “daqui para frente”, a principal variável a influenciar a comercialização de soja e milho, bem como a intenção de plantio dessas culturas, será a taxa de câmbio. Durante palestra no seminário Perspectivas para o Agribusiness 2017 e 2018, em São Paulo, ele destacou que a atividade será rentável com o dólar acima de R$ 3,20, mesmo que as cotações dessas commodities na bolsa de Chicago (CBOT) estejam abaixo de US$ 9,50 por bushel, no caso da soja, ou US$ 4 por bushel, em relação ao milho. “Perto de R$ 3 inibe a rentabilidade e deixa a margem estreita”, frisou.

“Temos a expectativa de que o câmbio pode ser um pouco mais alto. Isso por causa da antecipação do debate eleitoral (de 2018), que deverá ser posto já no segundo semestre. Isso vai trazer incerteza política para o País, contaminando o câmbio”, explicou. Ainda segundo ele, a questão logística no Brasil, embora ainda delicada, já não é o calcanhar de Aquiles para os produtores. “Tivemos uma safra recorde neste ano e não se viu nenhum caos logístico, a não ser uma semana de atoleiro na BR-163”, disse.

Para Pessôa, o que vai definir se os preços da soja na bolsa de Chicago (CBOT) ficarão ou não acima de US$ 9 por bushel será a safra nos Estados Unidos, que, no ano passado, rondou os 117 milhões de toneladas. “Nos dois últimos anos tivemos um clima muito bom nos EUA, e neste ano ficará dentro da normalidade. Assim, podemos esperar produtividade um pouco mais baixa nos EUA.” Ele disse não esperar um incremento expressivo na área plantada com a oleaginosa na Argentina e no Brasil para o próximo ciclo – por aqui, pode ser da ordem 1 milhão de hectares.

Quanto à exportação, Pessôa disse que as vendas de soja devem atingir 61 milhões de toneladas. Já as de milho, cuja safrinha começou a ser colhida, estão estimadas em 32,5 milhões de toneladas pela Agroconsult. “Mas não me surpreenderia se atingissem 35 milhões de toneladas com o dólar acima de R$ 3,20”, destacou. Para ele, mesmo que as exportações sejam recordes, não haverá pressão sobre o abastecimento interno, como em anos anteriores, graças à produção também expressiva.

A Agroconsult prevê a safra 2016/17 de soja no Brasil perto de 115 milhões de toneladas. Já a de milho, em 100 milhões de toneladas. “Tivemos tanto em soja quanto em milho recordes de produtividade. Com exceção do Nordeste, todos os outros Estados tiveram recorde de produtividade.”