A ONG Golos, dedicada há 25 anos a monitorar e defender a transparência dos processos eleitorais na Rússia, anunciou nesta terça-feira seu fechamento, dois meses após a detenção de seu copresidente.
“A Justiça, infelizmente, nem sempre vence, temos que lutar por ela. E sempre existe o risco de perder. Foi o que aconteceu desta vez”, afirmou a Golos em um comunicado, que termina com uma palavra: “Adeus”.
Em maio, o copresidente da organização, Grigory Melkonyants, foi condenado a cinco anos de prisão. A organização declarou na ocasião que “não tinha outra escolha” senão encerrar suas atividades.
Melkonyants, 44 anos, foi considerado culpado de trabalhar com uma associação europeia de monitoramento de eleições, declarada ilegal na Rússia como “organização indesejável”, algo que a organização negou.
A ONG Golos, que significa “voz” em russo, se define como um “movimento social de toda a Rússia em defesa dos direitos dos eleitores”. Durante décadas, a organização denunciou fraudes eleitorais no longo mandato do presidente russo Vladimir Putin.
Nas últimas eleições presidenciais, de 2024, Putin não teve uma concorrência real. Desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, em 2022, a repressão aumentou, o que tornou cada vez mais arriscado expressar opiniões políticas.
A organização tinha observadores em todas as regiões da Rússia e, durante anos, publicou relatórios sobre irregularidades e fraudes eleitorais.
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