O vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, principal negociador comercial de seu país com os Estados Unidos, vai para Washington em 30 e 31 de janeiro para novas negociações.

A visita ocorrerá um mês antes de a trégua vigente no conflito comercial sino-americano expirar, ao fim da qual Trump ameaça impor novas tarifas sobre produtos chineses.

Liu He se reunirá com dirigentes americanos para conter os atritos comerciais e “trabalhar juntos para ir além do consenso” alcançado pelos presidentes Xi Jinping e Donald Trump durante sua reunião de 1º de dezembro, disse à imprensa o porta-voz do Ministério do Comércio, Gao Feng.

Negociadores de nível inferior se reuniram no começo de janeiro em Pequim.

Mas o anúncio da imprensa de que a gigante de telecomunicações chinesa Huawei poderia voltar a ter problemas nos Estados Unidos pode complicar a visita de Liu He.

A Justiça dos Estados Unidos está investigando suspeita de roubos de tecnologia pela empresa, informou The Wall Street Journal na quarta-feira.

Procuradores federais suspeitam de que a Huawei tenha roubado segredos tecnológicos de empresas americanas que trabalham com o grupo, segundo o jornal.

– O caso Huawei –

A prisão no Canadá, no começo de dezembro, a pedido dos Estados Unidos, de Meng Wanzhou, diretora financeira e filha do fundador da Huawei, provocou a ira do governo chinês.

“Todo mundo compreende as verdadeiras intenções americanas, que consistem em utilizar todos os mecanismos estatais possíveis para reprimir e caluniar as empresas chinesas de alta tecnologia”, declarou nesta quinta-feira Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Dois canadenses foram detidos na China após a prisão de Meng, e outro foi condenado à morte por tráfico de drogas – decisões interpretadas como represálias por observadores.

A Huawei está na mira de Washington há anos por seus supostos vínculos com o Estado chinês.

Liu He viajará aos Estados Unidos atendendo a um convite do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e do representante comercial (USTR), Robert Lighthizer, afirmou Gao Feng.

À espera de um acordo, Donald Trump aceitou suspender até 2 de março uma elevação das tarifas de importação sobre cerca de 200 bilhões de dólares anuais em importações de produtos chineses de 10% para 25%.

Além do desequilíbrio comercial crônico, a Casa Branca critica o governo chinês pela dificuldade de acessar o mercado do país e por práticas comerciais “desleais”, especialmente a violação do direito de propriedade intelectual e a obrigação de transferências tecnológicas.

O excedente comercial chinês com os Estados Unidos alcançou um novo recorde em 2018, a 323,3 bilhões de dólares, um aumento de 17,2% em relação a 2017.

Contudo, as exportações chineses para os Estados Unidos despencaram em dezembro, um sinal de que as medidas de Trump começaram a surtir efeito.

Os Estados Unidos impuseram novas tarifas a produtos chineses que representam 250 bilhões de dólares de importações. A China respondeu com tarifas sobre 110 bilhões de dólares em bens americanos.