Franz Beckenbauer, cuja morte no domingo aos 78 anos foi anunciada nesta segunda-feira (8), brilhou no futebol mundial como jogador, treinador e dirigente.

Desde os seus primeiros títulos com o Bayern de Munique e com a Alemanha até a organização da Copa do Mundo de 2006, estes são seis dos momentos que marcaram sua carreira:

. 1970: braço imobilizado no “jogo do século”

Foi uma das imagens mais célebres da história do futebol: o braço direito imobilizado na tipoia em uma semifinal de Copa do Mundo. No dia 17 de junho de 1970, a Alemanha Ocidental enfrentava a Itália no Estádio Azteca, no México.

No segundo tempo, tentando cavar um pênalti (obteve “somente” uma falta), Beckenbauer cai de mau jeito sobre seu braço direito, que se desloca. O técnico da Alemanha, Helmut Schön, já tinha feito as substituições autorizadas naquele momento, e o ‘Kaiser’ continuou em campo apesar de tudo, aguentando a dor.

Depois que Karl-Heinz Schnellinger empatou nos instantes finais do segundo tempo, Beckenbauer disputou os 30 minutos da prorrogação com o braço imobilizado em uma tipoia improvisada.

A semifinal terminou com a vitória da Itália por 4 a 3 em um duelo completamente eletrizante, que foi apontado por muitos como “o jogo do século”.

. 1972: Bola de Ouro, como Gerd Müller

Desde a sua criação pela revista France Football, em 1956, a Bola de ouro só tinha sido entregue, com exceção do goleiro soviético Lev Yashin (1963), a jogadores com perfil ofensivo.

Portanto, foi uma novidade em 1972 o premiado ter sido o líbero Franz Beckenbauer, que tinha sido campeão da Eurocopa com a Alemanha Ocidental alguns meses antes. Ele superou por apenas dois pontos na votação dois de seus companheiros de seleção: Gerd Müller e Günther Netzer.

Beckenbauer sucedia então o próprio Gerd Müller (1970) e o holandês Johan Cruyff (1971).

Quatro anos depois, como o argentino naturalizado espanhol Alfredo Di Stéfano (1957 e 1959), conseguiu uma segunda Bola de Ouro, superando então o holandês Rob Rensenbrink.

Na história do prestigioso prêmio, apenas outros dois defensores conquistaram a cobiçada bola dourada: o alemão Matthias Sammer (1996) e o italiano Fabio Cannavaro (2006).

. 1974: campeão do mundo em casa

Nascido em Giesing, um bairro operário no sul de Munique, Franz Beckenbauer teve que esperar a final da Copa do Mundo de 1974 para jogar no Estádio Olímpico da cidade, construído ao norte da aglomeração urbana para os Jogos Olímpicos de 1972.

Depois de uma primeira fase irregular e uma humilhante derrota para a Alemanha Oriental (RDA), a Alemanha Ocidental (RFA) foi melhorando na segunda fase e chegou à final, na qual dominou a Holanda de Johan Cruyff.

A RFA venceu a decisão por 2 a 1 e o capitão Beckenbauer levantou o troféu diante de 78.200 espectadores.

“Com 1974, Franz chegou, no sentido figurado, a outro planeta”, disse o lateral-esquerdo alemão Paul Breitner.

. 1976: tricampeão da Europa

Na final da Copa dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões da Europa) de 1976, o Bayern de Munique derrotou o Saint-Étienne da França por 1 a 0.

Foi o terceiro título consecutivo de Beckenbauer com os bávaros no torneio, o que permitiu ao Bayern igualar o feito do Ajax da Holanda (1971, 1972 e 1973) e se aproximar do Real Madrid e seus cinco títulos seguidos entre 1956 e 1960.

Com o Bayern, Beckenbauer conquistaria em novembro de 1976 seu 13º e último título como jogador, a Copa Intercontinental, com vitória sobre o Cruzeiro, campeão da Libertadores daquele ano.

. 1990: seguindo os passos de Zagallo

Depois de ser vice-campeã mundial em 1982, a Alemanha foi eliminada da Eurocopa de 1984 na primeira fase e o então técnico da equipe, Jupp Derwall, não foi mantido no cargo.

Apesar de ser uma função que não o motivava na época, Beckenbauer aceitou o desafio e assumiu a seleção alemã.

Na Copa do Mundo de 1986, no México, a Alemanha chegou à final e foi derrotada pela Argentina de Diego Maradona por 3 a 2.

Quatro anos depois, no Estádio Olímpico de Roma, de novo contra a ‘Albiceleste’, Beckenbaer conquistou o título de campeão mundial como treinador, 16 anos depois de fazê-lo como jogador, igualando o feito de Zagallo, falecido na última sexta-feira.

. 2006: a ‘Beckenbauer Tour’

A “terceira vida” de Beckenbauer no futebol o levou aos escritórios. Foi vice-presidente e logo depois presidente do Bayern de Munique nos anos 1990 e 2000, até ser chefe do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.

A bordo do seu helicóptero, ia de estádio em estádio como uma abelha que passa de flor em flor. Compareceu a 48 dos 64 jogos do torneio.

Essa particular ‘Beckenbauer Tour’ foi manchada uma década depois, quando foram reveladas suspeitas de corrupção em torno da escolha da Alemanha como sede do torneio, no ano 2000. Na ocasião, a candidatura alemã venceu a da África do Sul por 12 votos a 11.

tba/dr/iga/cb