Recorde os principais acontecimentos no Sudão desde a revolta do final de 2018 que encerrou três décadas da ditadura de Omar al-Bashir.

– Preço do pão –

Em 19 de dezembro de 2018, centenas de sudaneses protestaram em várias cidades após a decisão do governo de triplicar o preço do pão. Em duas localidades, as sedes do partido no poder são incendiadas.

– Bashir destituído –

Em 6 de abril de 2019, milhares de manifestantes sentam-se em frente ao quartel-general do Exército em Cartum.

No dia 11, Bashir, que chegou ao poder em 1989 após um golpe apoiado por islamitas, é destituído e detido pelo Exército.

Um “conselho militar de transição” é criado para substituí-lo.

Milhares de pessoas continuam a protestar para rejeitar um “golpe”.

– Repressão sangrenta –

Em 3 de junho, homens armados com roupas militares dispersam violentamente os manifestantes. Mais de cem pessoas são mortas.

Uma primeira investigação, ordenada pelo conselho militar, determina que paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) estão envolvidos no banho de sangue.

No total, mais de 250 pessoas perderam a vida na repressão, de acordo com uma comissão médica próxima aos manifestantes.

– Acordo de transição –

Em meados de julho foi adotado um sistema de divisão do poder entre militares e civis, com o objetivo de criar um Conselho Soberano que levará o país ao poder civil em três anos.

Em agosto, o Conselho Soberano é formado, presidido pelo general Abdel Fattah al-Burhan. Abdallah Hamdok, ex-economista da ONU, torna-se primeiro-ministro.

No final de novembro, o partido do presidente deposto é dissolvido.

– Bashir condenado –

Em 14 de dezembro, Bashir é condenado a dois anos de prisão por corrupção.

No dia 22, é aberta uma investigação no Sudão sobre os crimes em Darfur contra o ex-presidente, procurado por mais de uma década pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por “genocídio”, “crimes de guerra” e “crimes contra a humanidade”.

Em agosto de 2021, o Sudão e o TPI firmam um acordo de cooperação para entregá-lo, juntamente com seus colaboradores, a este tribunal.

– Acordo de paz –

Em 30 de junho de 2020, dezenas de milhares de pessoas saem às ruas para exigir a aplicação das reformas exigidas durante o levante.

Em 3 de outubro, o governo e grupos rebeldes assinam um acordo em Juba, no Sudão do Sul, um acordo de paz histórico que deve encerrar 17 anos de guerra.

Do lado insurgente, o acordo é assinado pela Frente Revolucionária do Sudão (FRS), uma aliança de cinco grupos rebeldes e quatro movimentos políticos.

– “Estado de emergência econômica” –

Em 11 de setembro, o governo decreta um “estado de emergência econômica”. O Sudão está imerso em uma grave crise econômica, herdada de décadas de má administração e exacerbada pela pandemia de covid-19, inflação galopante e dívidas gigantescas.

– Retirado de lista –

Em 14 de dezembro, os Estados Unidos retiram oficialmente o Sudão de sua lista de países que apoiam o terrorismo, menos de dois meses após o país árabe concordar em normalizar as relações com Israel.

– Instabilidade –

Em 8 de fevereiro de 2021, o primeiro-ministro revela um novo governo, que inclui sete ministros dos grupos rebeldes ativos no antigo regime.

Em 22 de junho, Abdallah Hamdok pede unidade entre políticos e militares e alerta para lacunas “profundamente preocupantes”.

– “Golpe de Estado” –

Em 17 de setembro, manifestantes bloqueiam o principal porto do país, em Porto Sudão (leste).

No dia 21, Cartum anuncia que frustrou uma tentativa de golpe, com civis e militares implicados, acusados de estarem vinculados ao regime de Bashir.

Em 15 de outubro, Abdallah Hamdok estima que a transição está passando por sua “pior crise”.

No dia 16, os manifestantes pró-exército fazem um protesto em frente ao palácio presidencial, sede das autoridades de transição, para exigir um governo militar.

No dia 21, em reação aos protestos pró-militares, massivas manifestações são organizadas a favor de um governo civil.

No dia 25, os militares prendem a maioria dos líderes civis, incluindo o primeiro-ministro Abdallah Hamdok, no que os pró-democracia descrevem como um “golpe de Estado”.