Os primeiros-ministros britânico e irlandês, Rishi Sunak e Leo Varadkar, que se reuniram nesta segunda-feira (5) em Belfast com a nova chefe de Governo da Irlanda do Norte, a republicana Michelle O’Neill, celebraram o desbloqueio das instituições no território, depois de dois anos paralisadas.

O conservador Rishi Sunak destacou que se trata de “um dia histórico” para o país e manifestou a sua satisfação com “os encontros construtivos” com os novos líderes da região, onde o poder é compartilhado entre unionistas, que defendem a manutenção do território no Reino Unido, e os republicanos, partidários da unificação da ilha.

“É uma notícia muito boa que as instituições estejam funcionando novamente”, disse o também conservador Leo Varadkar.

As instituições da Irlanda do Norte ficaram paralisadas desde o início de 2022, devido ao boicote do DUP, o partido unionista, que defende a adesão da Irlanda do Norte ao Reino Unido.

O DUP protestava contra os controles aduaneiros impostos aos produtos procedentes do resto do Reino Unido após a sua saída da União Europeia (UE).

Na visão deste partido, a medida enfraquecia os laços com o Reino Unido e favorecia os defensores da unificação com a República da Irlanda, que ocupa a parte sul da ilha e faz parte da União Europeia.

Mas o governo conservador britânico e o DUP chegaram a um acordo na semana passada para resolver a situação.

Esse fato permitiu que Michelle O’Neill, vice-presidente do Sinn Féin, se tornasse a primeira líder partidária da unificação da Irlanda a assumir o governo da Irlanda do Norte.

A chegada de uma republicana ao cargo de primeira-ministra representa uma virada histórica no território britânico, com um passado marcado por três décadas de conflitos sangrentos.

Em meio à cogovernança resultante do Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998, que pôs fim a este conflito que deixou 3.500 mortos, Michelle O’Neill trabalha com a vice-primeira-ministra do DUP, Emma Little-Pengelly.

No domingo (4), a nova premiê abordou a possibilidade de organizar um referendo sobre a unificação da Irlanda nos próximos 10 anos. No entanto, Sunak fez um apelo aos políticos norte-irlandeses que trabalhem em “assuntos cotidianos que importem aos cidadãos”, não em mudanças constitucionais.

Leo Varadkar também declarou que a questão da reunificação “não é atual”.

Em uma reunião entre estes premiês conservadores, ambos destacaram que uma Irlanda do Norte “estável, eficiente e próspera” é extremamente benéfica para as relações bilaterais, de acordo com um comunicado de imprensa de Sunak.

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