Por Orhan Coskun e Can Sezer

ISTAMBUL (Reuters) – O primeiro navio para embarque de grãos que deixou os portos ucranianos em tempo de guerra ancorou com segurança na costa da Turquia nesta terça-feira, enquanto uma autoridade sênior disse que Ancara espera que um navio de grãos parta da Ucrânia todos os dias enquanto o acordo de exportação for válido.

O primeiro navio, o Razoni, transportando 26.527 toneladas de milho para o Líbano, ancorou perto da entrada do Bósforo vindo do Mar Negro por volta das 15h (horário de Brasília), cerca de 36 horas depois de partir do porto ucraniano de Odessa.

Uma delegação do Centro de Coordenação Conjunta (JCC, na sigla em inglês) em Istambul, onde funcionários russos, ucranianos, turcos e da ONU trabalham, deve inspecionar o navio às 4h na quarta-feira, segundo o Ministério da Defesa da Turquia.

A viagem foi possível depois que Ancara e as Nações Unidas intermediaram um acordo de exportação de grãos e fertilizantes entre Moscou e Kiev no mês passado –um raro avanço diplomático em um conflito que se tornou uma guerra prolongada.

“Esperamos que haja mais movimento de saída amanhã”, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, a repórteres em Nova York. “Isso é delicado, complexo e complicado, mas há outros movimentos planejados”.

Dujarric disse que havia cerca de 27 navios nos três portos ucranianos cobertos pelo acordo de exportação que estavam “parados no porto há muito tempo com carga… com contratos assinados, prontos para serem enviados”.

As exportações de um dos maiores produtores mundiais de grãos destinam-se a ajudar a aliviar uma crise alimentar global.

“O plano é que um navio parta… todos os dias”, disse o alto funcionário turco à Reuters, referindo-se a Odessa e os outros dois portos ucranianos abrangidos pelo acordo. “Se nada der errado, as exportações serão feitas por meio de um navio por dia por um tempo”.

O funcionário, que pediu para permanecer anônimo, acrescentou que a partida do Razoni foi adiada por alguns dias por “problemas técnicos” que agora estão corrigidos, e a Turquia, membro da Otan, espera que o corredor de passagem segura funcione bem.

Como parte do acordo, as quatro partes estão monitorando os embarques e realizando inspeções do JCC em Istambul, cortada pelo Estreito de Bósforo, que liga o Mar Negro aos mercados mundiais.

(Reportagem adicional de Mehmet Emin Caliskan e Umit Bektas em Istambul e Michelle Nichols em Nova York; texto por Ece Toksabay)

((Tradução Redação São Paulo))

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