O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, rejeitou nesta sexta-feira (17) a demissão apresentada por seu primeiro-ministro, Oleksiy Goncharuk, após a divulgação de supostas declarações suas criticando o presidente Volodimir Zelenski.

“Para dissipar qualquer dúvida sobre o nosso respeito e confiança no presidente, escrevi uma carta de demissão e a transmiti” a Zelenski, afirmou em sua página no Facebook.

Oleksiy Gontcharuk garantiu que as declarações difundidas “criam a falsa ideia” de que não respeita o presidente.

“O que não está certo. Cheguei a este cargo para aplicar o programa do presidente”, frisou.

A Presidência ucraniana confirmou o recebimento da carta e disse que seria “examinada”.

Posteriormente, Zelenski recebeu seu chefe de governo para anunciar que lhe dava uma segunda oportunidade.

“Decidi dar uma oportunidade a você e a seu governo”, declarou Zelenski, durante o encontro com Goncharuk, segundo um vídeo publicado pela Presidência.

Esta semana foram divulgadas gravações de uma reunião informal realizada em 16 de dezembro entre ministros e funcionários do Banco Central.

Segundo a imprensa ucraniana, nessa reunião, os participantes discutiram como explicar suas decisões econômicas ao presidente Zelenski, um ex-comediante novato na política, que ganhou a eleição presidencial em abril.

Neste encontro, de acordo com os jornais, Goncharuk teria dito que as explicações deveriam ser simples, porque “Zelenski tem uma compreensão realmente primitiva da economia”.

Os primeiros rumores sobre a renúncia de Goncharuk apareceram imediatamente depois da publicação da gravação, mas foram negadas por sua assessoria.

Segundo o influente site de notícias Dzerkalo Tyjnia, o chefe de Estado pode rejeitar a renúncia de seu chefe de governo. Questionado pela AFP, o porta-voz de Zelensky não quis comentar o caso.

Nomeado há cinco meses, Goncharuk, de 35 anos, é um dos chefes de governo mais jovens do mundo. Este ex-advogado é partidário de reformas econômicas liberais.

Seu governo trabalhou ativamente em favor da abertura de mercado de terras agrícolas na Ucrânia. A medida é muito esperada pelos investidores, mas questionada pela população.

Goncharuk dirigiu por quatro anos o centro de análises BRDO, em Kiev, financiado pela União Europeia. Segundo este instituto, suas atividades buscam melhorar o clima empresarial na Ucrânia.

Depois, foi nomeado chefe adjunto do gabinete presidencial alguns dias depois da posse de Zelenski. No final de agosto, foi posto à frente do governo.

Faz parte de uma onda de novos rostos que chegaram ao poder com Zelenski, que prometia acabar com o sistema das “antigas elites” consideradas corruptas.