O primeiro-ministro da Estônia, Juri Ratas, anunciou sua renúncia nesta quarta-feira (13), depois que seu partido político, o Partido do Centro, tornou-se alvo de uma investigação por corrupção em conexão com uma imobiliária.

“Hoje tomei a decisão de renunciar ao cargo de primeiro-ministro”, escreveu Ratas, presidente do partido, em uma mensagem postada no Facebook.

Sua renúncia leva à queda do governo de coalizão de centro-direita, que inclui um partido de extrema direita. Novas eleições são, no entanto, improváveis.

O presidente, Kersti Kaljulaid, tem agora 14 dias para nomear um novo primeiro-ministro, que precisará ser aprovado pelo Parlamento.

Ratas disse esperar que sua renúncia ajude a “esclarecer todas as circunstâncias” da investigação de corrupção, mas insistiu que não tomou “nenhuma decisão maliciosa ou conscientemente ruim”.

A investigação centra-se na imobiliária Porto Franco: ela recebeu um grande empréstimo do Estado e concluiu um lucrativo acordo com as autoridades da capital, Tallinn, cujo prefeito também é membro do partido de Ratas.

O pai do proprietário da empresa, o empresário Hillar Teder, doou grandes somas ao Partido do Centro.

“Como chefe de governo, não tive a sensação, no caso de Porto Franco, que um ministro ou partido tentou influenciar as decisões do governo de forma ilegal”, afirmou Ratas.

Entre os suspeitos da investigação de corrupção está Kersti Kracht, assessor do ministro das Finanças Martin Helme, líder do EKRE (Partido do Povo Conservador da Estônia), de extrema direita.

A renúncia de Ratas pode inviabilizar o polêmico projeto de referendo sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo que a coalizão planejava organizar.

No entanto, novas eleições só ocorrerão se nenhum candidato a primeiro-ministro obtiver a maioria.

A última vez que a Estônia foi às urnas foi em 2019.

O Partido da Reforma, principal formação de oposição liderada pelo ex-eurodeputado Kaja Kallas, venceu as eleições, mas não conseguiu garantir um acordo para uma coalizão majoritária.

Em contrapartida, o Partido do Centro formou uma coalizão com o partido anti-europeu EKRE e os conservadores de direita do Isamaa.

Centro e Reforma alternam-se no governo há quase três décadas, desde que a Estônia se libertou da União Soviética.

Ambos apoiam a adesão da Estônia à União Europeia e à OTAN, que consideram uma proteção contra a Rússia.

Eles são a favor de políticas de austeridade para controlar os gastos, o que dá ao país uma das mais baixas relações dívida/PIB da zona do euro.