O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testemunhou nesta quinta-feira (30) diante de deputados sobre um contrato firmado com uma organização que remunerou familiares do mandatário, o que gerou um escândalo ético e político.

Trudeau, que é investigado pela Comissão de Ética por seu papel nesse suposto conflito de interesses, se apresenta por uma hora nesta tarde para ser ouvido pelo Comitê de Finanças da Câmara dos Comuns.

Trata-se de um evento inédito para um chefe de governo no Canadá.

“Todo esse escândalo mostra a corrupção nos mais altos níveis do governo”, denunciou nesta quinta-feira o chefe da oposição conservadora, Andrew Scheer, em entrevista coletiva.

“Nossa mensagem importante hoje é que esse não é o fim da história”, acrescentou.

Na semana passada, os dois principais partidos da oposição pediram a renúncia de Trudeau, que chefia um governo minoritário.

Em 13 de julho, o líder canadense se desculpou e admitiu ter cometido um “erro” em participar das discussões sobre a atribuição de um contrato governamental à instituição de caridade We Charity.

Esse contrato foi fechado sem um pedido de licitação, e autoriza o gerenciamento de um programa de bolsas de estudos estimado em US$ 660 milhões.

O programa foi cancelado mais tarde, mas a polêmica continuou. A We Charity recebeu cerca de US$ 40 milhões, segundo informações da imprensa.

A entidade admitiu ter entregue US$ 300.000 à mãe e irmão do primeiro-ministro para discursarem e participar de eventos.

A esposa de Trudeau, por sua vez, teria recebido US$ 1.500 para participar de um evento em 2012, antes do seu marido se tornar chefe do partido liberal.

O escândalo prejudicou a imagem de Trudeau e do seu partido nas pesquisas, ainda que os liberais mantenham a liderança na intenção de votos, segundo pesquisa publicada nesta quinta-feira.