30/08/2021 - 17:07
R. Kelly perguntou a um adolescente o que “ele estava disposto a fazer pela música” antes de abusar sexualmente dele, contou o primeiro homem a testemunhar contra o cantor acusado de crimes sexuais nesta segunda-feira (30).
Louis (pseudônimo) disse ao tribunal federal do Brooklyn que tinha 17 anos quando Kelly lhe deu seu número de telefone. Ele trabalhava no turno noturno de um “autoMac” de um restaurante da rede McDonald’s nos subúrbios de Chicago, perto da casa do artista.
Depois de participar de uma festa na casa de Kelly com seus pais, o cantor lhe disse que “talvez fosse melhor se em outra hora eu fosse sozinho à festa”, disse Louis ao tribunal.
Ele também indicou que uma vez encontrou Kelly em sua casa e eles foram para a garagem, onde havia um ringue de boxe e uma academia.
“Ele me perguntou o que eu estava disposto a fazer pela música” e se eu tinha “fantasias”, antes de fazer sexo oral nele, observou a testemunha.
Louis, que conheceu Kelly em 2006, afirmou que o cantor disse a ele para “manter as coisas entre ele e eu”, que “agora somos uma família, somos irmãos”.
Ele acrescentou que Kelly pediu que o chamasse de “papai” – como várias mulheres disseram que o cantor exigia – e que ele costumava filmar seus encontros sexuais.
Da mesma forma, Louis descreveu um episódio de sexo não consensual no qual uma terceira pessoa estava envolvida: Kelly “estalou os dedos” antes de “uma jovem sair de baixo do ringue”.
Ela “se arrastou até” Kelly antes de fazer sexo oral tanto nele, quanto no cantor, contou.
“Foi desconfortável”, disse Louis, que relatou outro caso em que desmaiou por beber em uma festa e acordou sozinho com o réu, sem saber se eles haviam tido relação sexual.
Louis não está entre as supostas vítimas identificadas na acusação contra Kelly por extorsão, exploração sexual de menores, sequestro, suborno e trabalho forçado entre 1994 e 2018.
Seu depoimento acontece na terceira semana do julgamento, como parte de uma lista de testemunhas para fornecer evidências adicionais além das oferecidas pelas meninas e mulheres citadas na acusação.
Promotores apresentaram depoimentos que aludiam a mais de duas décadas de abusos físicos, sexuais e emocionais cometidos por Kelly, de 54 anos, que nega todas as acusações. Se for considerado culpado de todas elas, o cantor pode pegar entre 10 anos de reclusão e a prisão perpétua.