Primeiro desafio de novo líder da Igreja Católica será ‘a paz’

VATICANO, 7 MAI (ANSA) – Por Fausto Gasparroni – Enquanto os 133 cardeais eleitores estão no conclave para eleger o sucessor de Francisco – o Papa da “terceira guerra mundial travada aos poucos” -, velhas e novas frentes de conflito no mundo se inflamam com ainda mais violência.   

Obviamente, isso não passou despercebido pelo próprio Colégio Cardinalício, que na última terça-feira (6), no final da 12ª segunda e última congregação geral pré-conclave, sentiu a necessidade de lançar um apelo pelo fim dos combates em todas as frentes de guerra, a ponto de “a paz” ser incluída entre os temas fortes das sessões na Capela Sistina, do confronto entre cardeais e certamente entre os principais desafios do que será o início do futuro pontificado.   

“Nós, cardeais da Santa Igreja Romana, reunidos em Congregação Geral antes do início do conclave, constatando com pesar que nenhum progresso foi feito na promoção dos processos de paz na Ucrânia, no Oriente Médio e em muitas outras partes do mundo, de fato, que os ataques se intensificaram especialmente contra a população civil, formulamos um apelo sincero a todas as partes envolvidas para que cheguem a um cessar-fogo permanente o mais rápido possível e negociem, sem pré-condições e mais atrasos, a paz há muito desejada pelas populações envolvidas e por todo o mundo”, diz o apelo.   

“Convidamos todos os fiéis a intensificar suas orações ao Senhor por uma paz justa e duradoura”, acrescentou.   

Enquanto isso, é fato que a situação nas diversas áreas de conflito está mais quente do que nunca. Israel aprovou um plano para invadir a Faixa de Gaza e reassentar a população palestina, agora exausta pela falta de ajuda. E a solução “dois povos, dois Estados”, tão cara à Santa Sé, pode-se dizer que está definitivamente arquivada.   

Pouco mais de 10 dias após o histórico encontro presencial na Basílica de São Pedro entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a possibilidade de negociações para o fim da guerra está completamente estagnada e os bombardeios russos continuam inabaláveis, a ponto de o próprio republicano dizer que acha que “a paz não será possível”, porque Vladimir Putin e Zelensky “se odeiam demais”.   

Na noite passada, a Índia lançou um ataque ao Paquistão, visando “infraestrutura terrorista” no país, e a Igreja indiana está pedindo uma redução da tensão “em nome do papa Francisco”.   

Situações de conflito não estão diminuindo em outro país asiático, como Myanmar, e em Estados africanos, como Sudão, Sudão do Sul e República Democrática do Congo. Áreas de onde os cardeais também trouxeram seus dolorosos testemunhos durante as congregações gerais.   

Um sofrimento que não pode deixar de ser sentido mesmo entre uma votação e outra no conclave, em particular entre os eleitores das áreas afetadas. Por exemplo, Pierbattista Pizzaballa como Patriarca de Jerusalém; o arcebispo de Teerã, Dominique Joseph Mathieu; ou o ucraniano, mas arcebispo de Melbourne, Mykola Bychok; os cardeais eleitores indianos Filipe Neri Ferrao, Cleemis Baselios, Anthony Poola e George Jacob Koovakad; o paquistanês Joseph Coutts; o birmanês Charles Maung Bo; ou o congolês Fridolin Ambongo Besungu; o sul-sudanês Stephen Mulla; o centro-africano Dieudonné Nzapailanga.   

É claro que os dossiês sobre as guerras em andamento estarão na vanguarda da mesa do novo papa e – como os próprios cardeais esperam – será necessária uma figura capaz de guiar o caminho da Igreja nessas frentes com mão firme, segura e competente.   

(ANSA).