O primeiro debate presidencial do México no domingo (7) foi marcado por acusações mútuas entre os candidatos, que deixaram suas propostas de governo em segundo plano.

“Mentirosa”, “corrupta” e “mulher fria e sem coração” foram alguns dos termos trocados entre a candidata governista e favorita, Claudia Sheinbaum, e sua adversária da oposição de centro-direita, Xóchitl Gálvez, na primeira de três sabatinas obrigatórias antes das eleições de 2 de junho.

O postulante de centro-esquerda Jorge Álvarez Máynez, que também criticou suas adversárias, se apresentou como uma opção independente do governo e dos partidos tradicionais. “Não existem apenas duas visões do país”, disse o político de 38 anos.

Sheinbaum foi a única a aproveitar seu tempo para “parabenizar a coragem” do corpo diplomático da embaixada mexicana em Quito, após a invasão policial que capturou o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

No entanto, Gálvez e Álvarez Máynez já haviam rejeitado a operação policial da última sexta-feira horas depois de o presidente Andrés Manuel López Obrador ter concedido asilo político à Glas.

“Ninguém ganhou, no final ficou entediante, foi decepcionante, não houve um único momento emocionante. O chato não é o formato, mas os candidatos”, disse Roy Campos, da empresa de pesquisa Consulta Mitofsky, durante uma análise em um canal local.

A deliberação girou em torno de temas como saúde, educação, corrupção e violência de gênero, mas em repetidas ocasiões os participantes dedicaram mais tempo a atacar seus adversários ou a responder a estes do que a aprofundar suas abordagens.

Aqui “serão apresentados dois projetos: retornar ao passado de corrupção e o que significa avançar com a transformação”, disse Sheinbaum, física de 61 anos, em referência aos partidos PRI e PAN que apoiam Gálvez.

“Claudia Sheinbaum vem oferecer a vocês que continuem abraçando os criminosos, que continuem a violência; ofereço-lhes que construam um México onde acabemos com a violência, mas acima de tudo que apostemos na saúde e na educação”, respondeu Gálvez dirigindo-se ao eleitorado.

A violência também está abalando a atual campanha eleitoral, com cerca de 15 candidatos assassinados desde outubro, segundo o governo, embora a consultoria Integralia contabilize 23.

A migração irregular para os Estados Unidos também apareceu nas discussões, com um ponto em comum entre os candidatos sobre a necessidade de uma abordagem humanitária.

Sheinbaum tem 59% das intenções de voto, segundo pesquisa consolidada da empresa Oraculus. Já Gálvez tem 35% de apoio, de acordo com a mesma fonte.

Campos acredita que “os debates são a única oportunidade para Gálvez tentar fazer com que Sheinbaum cometa um erro, faça uma careta, pronuncie uma palavra mal colocada”, disse à AFP.

Mas para ele é difícil que estas trocas revertam a vantagem da candidata governista. “É muito difícil para um cidadão dizer ‘ah, então vou mudar meu voto'”, afirmou.

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