03/12/2018 - 17:23
A primeira missão da Nasa projetada para visitar um asteroide e trazer uma amostra de sua poeira para a Terra chegou nesta segunda-feira ao seu destino, Bennu, dois anos após o lançamento de Cabo Canaveral, na Flórida.
A missão não tripulada de US$ 800 milhões, conhecida como OSIRIS-REx, fez um encontro com o asteroide por volta das 12H10 (15H10 em Brasília).
“Chegamos”, disse Javier Cerna, engenheiro da Lockheed Martin, enquanto seus colegas no controle da missão em Littleton, Colorado, comemoravam e trocavam cumprimentos, segundo uma transmissão ao vivo da televisão da Nasa.
Bennu tem cerca de 500 metros de diâmetro, aproximadamente o tamanho de uma pequena montanha. É o menor objeto já orbitado por uma espaçonave feita pelo homem.
Bennu, um fragmento do sistema solar inicial, também é considerado potencialmente perigoso. Há um risco leve – de um em 2.700 – de que colida com a Terra em 2135.
O asteroide rico em carbono foi escolhido entre cerca de 500.000 asteroides no sistema solar porque orbita perto do caminho da Terra ao redor do Sol, tem o tamanho certo para o estudo científico e é um dos asteroides mais antigos conhecidos pela Nasa.
Os cientistas esperam que ele revele mais sobre a formação inicial do sistema solar, bem como sobre como encontrar recursos preciosos como metais e água em asteroides.
“Com os asteroides, você tem uma cápsula do tempo. Você tem uma amostra pura de como o sistema solar era há bilhões de anos”, disse Michelle Thaller, porta-voz do Goddard Space Flight Center da Nasa.
“É por isso que, para os cientistas, esta amostra será muito mais preciosa do que ouro”.
– “Suave high-five” –
A missão foi lançada em setembro de 2016. Ao longo dos últimos meses, OSIRIS REx foi se movendo lentamente em direção a Bennu, e finalmente alcançou a rocha espacial quando estava a cerca de 129 milhões de quilômetros da Terra.
“Nos últimos meses, Bennu vinha entrando em foco conforme eu me aproximava”, disse a conta da OSIRIS-REx no Twitter. “Agora que estou aqui, vou voar em volta do asteroide e estudá-lo em detalhes”.
A espaçonave está equipada com um conjunto de cinco instrumentos científicos para estudar o asteroide por um ano e meio, mapeando-o em alta resolução para ajudar os cientistas a decidirem exatamente onde extrair amostras.
Em 2020, ele estenderá seu braço robótico e tocará o asteroide, em uma manobra que Rich Kuhns, gerente do programa OSIRIS-REx na Lockheed Martin Space Systems, em Denver, descreveu como um “suave high-five” (expressão em inglês que pode ser traduzida como “toca aqui”).
Usando um dispositivo circular muito parecido com o filtro de ar de um carro, e um vácuo reverso para levantar e coletar poeira, o dispositivo pretende pegar cerca de 60 gramas de material da superfície do asteroide e trazê-las à Terra para um estudo mais aprofundado.
A Nasa diz que pode obter muito mais material, talvez até dois quilos.
A agência espacial americana espera usar a OSIRIS-REx para trazer à Terra a maior carga útil de amostra espacial desde a era Apollo, nos anos 1960 e 1970, quando os exploradores americanos coletaram e transportaram 382 quilogramas de rochas lunares.
A agência espacial japonesa Jaxa provou pela primeira vez que a coleta de amostras de um asteroide era possível.
Em 2010, a sonda espacial Hayabusa, da Jaxa, pousou na superfície de seu asteroide alvo e conseguiu trazer à Terra alguns microgramas de material.
Uma vez que a missão da Nasa tiver coletado com sucesso a poeira espacial de Bennu, a amostra será mantida em um recipiente e será trazida à Terra em 2023, aterrissando no deserto de Utah no final de setembro, disse a agência americana.