Donald Tusk se reuniu nesta quinta-feira com Theresa May, na primeira visita a Londres de um dirigente da União Europeia (UE) desde que a primeira-ministra lançou o Brexit, tendo moderado o tom desde então.
A visita, realizada um dia após o Parlamento da UE aprovar uma série de exigências para as negociações de divórcio, foi anunciada por Tusk, presidente do Conselho Europeu, mas sem divulgar o conteúdo ou a razão da mesma.
Tusk chegou e partiu de Downing Street sem fazer declarações.
No dia 29 de abril, os líderes dos outros 27 membros da UE se reunirão em Bruxelas para discutir a saída britânica e adotarão formalmente as diretrizes das negociações.
Londres notificou formalmente na semana passada sua intenção de deixar o bloco – a primeira vez que um membro toma esta atitude -, cumprindo com a decisão adotada pelos britânicos no referendo de 23 de junho.
Uma fonte da UE disse à AFP que a visita de Tusk faz parte dos contatos regulares que ele e May concordaram em manter enquanto as negociações durarem.
“May e Tusk concordaram em uma conversa telefônica no dia 28 de março em estabelecer contatos regulares ao mais alto nível político para criar um canal que facilite o processo do Brexit à margem das negociações diárias”, disse esta fonte, sob condição de anonimato.
A reunião, prosseguiu a fonte, era “para Tusk a primeira oportunidade de explicar seu rascunho de diretrizes do Brexit que deve ser adotado em 29 de abril, assim como discutir os próximos passos”.
– May baixa o tom –
Ao notificar oficialmente a saída de seu país, May exigiu o início de negociações sobre um acordo de livre comércio durante os dois anos do divórcio, mas a UE respondeu que primeiro quer constatar “avanços substanciais”.
Além disso, a primeira-ministra ameaçou deixar de colaborar em questões de segurança com os seus sócios europeus se não houver um acordo comercial mas, desde então, May baixou o tom e preferiu destacar que há espaço para um compromisso.
“Vamos olhar bem onde acabaremos. No final destas negociações, teremos examinado tanto a retirada quanto a futura relação? Isso é o importante”, disse, durante uma viagem nesta semana à Jordânia e à Arábia Saudita.
“O importante é que, ao deixar a UE, as pessoas saibam qual será a relação futura”, acrescentou.
Além disso, afirmou que era partidária de “conversar” com a Espanha, e não da “guerra”, em resposta ao veto que a UE concedeu a Madri nas questões referentes ao Peñón de Gibraltar, e às declarações belicosas subsequentes de alguns conservadores britânicos.
Finalmente, e pela primeira vez, May sugeriu que poderia aceitar que a livre entrada de imigrantes europeus se prolongue para além de 2019, quando a saída tiver sido consumada.
Isso lhe rendeu críticas da linha dura dos partidários do Brexit. Assim, o grupo Leave.eu a acusou de recuar, e publicou uma imagem de May com um grupo de imigrantes e o seguinte texto: “Recuperaremos o controle de nossas fronteiras (…) eventualmente”.