Macaé — No mês em dedicado à conscientização do problema do suicídio, Macaé sediou o 1º Fórum Intersetorial sobre Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio no Contexto Escolar, no auditório Claudio Ulpiano, na Cidade Universitária. Em uma realidade com desafios cada vez maiores para o combate ao problema, o encontro serviu para a troca de experiências, informações e abordagens modernas sobre a questão, em especial no trato das crianças e adolescentes.
“Os professores da rede fazem palestras constantes e orientam os pais e/ou responsáveis da importância de observarem seus filhos, principalmente, com relação ao tempo que passam na Internet e a qualquer forma diferente de seu comportamento”, comentou Guto Garcia, secretário de Educação.
Nesse cenário, a escola exerce papel fundamental de diagnóstico e proteção. “Temos hoje a missão de acolher os alunos e, de alguma forma, temos conseguido amenizar algumas dores. Mas há casos extremos e são muitos”, alertou Roberto Valcácio, direto do colégio Maria Isabel, que tem 777 alunos.
Um agravante da modernidade, apontam os especialistas, é o acúmulo de obrigações dos pais, que acabam por negligenciar a rotina dos filhos tanto na escola como em casa, onde aparentemente estão resguardados, mas na verdade estão expostos às infinitas influências externas através da internet, ambiente em que se veiculam até “manuais” de automutilação e suicídio.
“Os que buscam ajuda na escola sempre são bem acolhidos. A preocupação e a responsabilidade são de todos nós”, reforçou Garcia.
Professora do curso de medicina da UFRJ, Aline Lisboa abriu o Fórum destacando a importância de se falar abertamente sobre o assunto, e o papel fundamental de parentes, amigos e vizinhos na identificação dos primeiros sinais de problemas. Ao apresentar números, mostrou que em Macaé foram notificados 98 mortes por suicídio entre 2006 e este ano, com maioria ocorrendo entre os 20 e os 49 anos.
Ainda segundo Aline, uma combinação de fatores biológicos, emocionais, socioculturais, filosóficos e até religiosos podem potencializar a predisposição para o ato, com gatilhos passando por perda do emprego, fracasso amoroso, morte de um ente querido, falência financeira, mudança geográfica, entre outros.
O encontro foi fruto de uma parceria das secretarias de Educação, de Saúde e da UFRJ. Houve momento cultural com grupo de teatro falando sobre as iniciativas promovidas pelo mundo no Setembro Amarelo.