Paolla Oliveira, de 42 anos, voltou a falar sobre a escolha de não ser mãe. Em entrevista ao jornal O Globo, a atriz revelou que sente pressão sobre o assunto desde os 20 anos e que, ao longo da carreira, já chegou a ser julgada até por não se encaixar no ideal de “família tradicional”.
Atualmente namorando o cantor Diogo Nogueira desde 2021, Paolla contou que já ouviu de tudo: que era cedo, depois que estava na hora, e agora, que já está ficando tarde. “Por não ter filhos, já fui acusada de ser insensível e contra a família”, relembrou. Em tom de ironia, completou: “Pois então, não tenho família, vim de chocadeira?”.
Ela ainda revelou que foi questionada em um trabalho publicitário sobre a capacidade de representar um produto voltado ao público familiar por não ter filhos — e que, mesmo assim, acabou permanecendo na campanha por dez anos.
A intérprete da personagem Heleninha Roitman no remake da novela Vale Tudo, da Globo, afirma que se sente mais segura para falar sobre o assunto. “Depois que consegui falar sobre o desejo de não ter filhos com mais tranquilidade, as mulheres passaram a me parar na rua para contar que também fizeram essa opção. Virou um case, como a coisa do corpo”, comentou.
Segundo ela, a relação com Diogo não envolve cobranças. “Diogo é pai e não temos essa questão. Sigo com o poder da escolha por ter congelado óvulos. Isso acalma o coração de quem sempre foi cobrada para ter uma resposta.”
Paolla finaliza com um recado: “Hoje, falo tranquilamente que não quero e que considero uma vida consistente sem filhos. Por muito tempo, senti vergonha disso. Mas, agora, não mais.”
Famosas que não querem ser mães
Paolla Oliveira não é a única. Famosas como Ana Paula Padrão, Jennifer Aniston, Maju Coutinho, Patrícia Pillar, Leona Cavalli, Totia Meireles, entre outras, também já revelaram o desejo de não ter filhos.
Recentemente, a atriz Vera Holtz, de 71 anos, falou sobre maternidade e explicou sua decisão de não querer ter filhos.
“Sempre, desde pequena, eu não queria ter filhos. Eu tinha 12 anos… A maternidade não é para mim. Eu não tenho o ‘sim’. Não faz parte da minha vida. Desde pequena, eu dizia: não existe instinto maternal. Isso é uma invenção social”, relatou Holtz ao participar do programa Sem Censura, comandado por Cissa Guimarães na TV Brasil.
Na ocasião, a veterana também lembrou das mulheres que não podem ter filhos em sua argumentação. “E vocês esquecem de quem não tem útero, de quem não pode ter filhos. Por que inventaram isso para a mulher? Por que rotular essa questão? Todo mundo quer colocar a gente numa caixinha, rotular, virar um produto… Eu nunca realmente acreditei nisso.”
“Eu acredito na maternagem, que cuida, que forma. E todos nós devemos ter muitas pessoas que a gente cuida”, completou.
Procurada pela IstoÉ Gente, Telma Abrahão, especialista em inteligência emocional e idealizadora da Educação Neuroconsciente, analisa o fato de pessoas não terem o desejo de ser mães. Leia abaixo na íntegra!
“A fala de Vera Holtz abre espaço para uma discussão importante e, ao mesmo tempo, delicada. Compreendo e respeito profundamente o fato de nem toda mulher desejar ser mãe — e que isso não a torna menos mulher, menos completa ou menos digna. Mas também acredito que existe, sim, algo dentro de nós que anseia por vínculos, por pertencimento, por continuidade. Um ‘sim’ interno que tem mais a ver com o desejo de formar uma família, de se conectar com outro ser, de cuidar e ser cuidada — e isso pode se manifestar de diferentes formas, não necessariamente pela maternidade biológica.
O que acontece é que esse instinto, muitas vezes, é silenciado ou distorcido pelas dores da infância. A relação com a própria mãe, a ausência de cuidado, a negligência emocional, o medo de repetir padrões ou de não saber como fazer diferente podem construir uma barreira interna tão forte que a mulher acredita genuinamente que não quer ser mãe. E isso pode ser verdade — mas também pode ser um mecanismo de proteção.
Eu mesma, por muito tempo, não quis ter filhos. E só depois de um profundo mergulho na minha própria história é que entendi que esse ‘não’ vinha das marcas da minha infância, do medo de repetir aquilo que vivi, da falta de referência de uma maternidade segura e acolhedora.
Por isso, quando escuto uma mulher dizendo que não quer ser mãe, o que me vem à mente não é julgamento, mas curiosidade e compaixão. O importante não é querer ou não querer — o importante é saber de onde vem essa decisão.
É uma escolha consciente, livre, baseada em quem ela é hoje? Ou é uma decisão inconsciente, moldada por traumas, defesas e experiências não elaboradas?
A Educação Neuroconsciente nos ensina que muitas das nossas escolhas são respostas automáticas ao que vivemos na infância. Quando não revisitamos essas experiências com honestidade e profundidade, corremos o risco de viver protegendo uma ferida que nem sabemos que está aberta.
Então, sim, toda escolha é válida — mas toda escolha merece consciência. Especialmente aquelas que dizem respeito a gerar, cuidar e amar.”