Um dos presos em Araraquara na Operação Spoofing da Polícia Federal confirmou que teve acesso a mensagens de celulares de autoridades, especialmente as do ministro da Justiça, Sérgio Moro. O DJ Gustavo Henrique Elias Santos, que teve a prisão temporária decretada por suspeita de invadir celulares, contou ter visto as mensagens no aparelho telefônico de um amigo, Walter Dalgatti Neto, também preso, relatou o seu advogado, Ariovaldo Moreira.

Gustavo e a mulher, Suelen Priscila de Oliveira, prestam depoimento hoje às 14 horas na sede da Polícia Federal, em Brasília. Além do casal e de Walter, a polícia ainda prendeu Danilo Cristiano Marques. Agentes federais que participam das investigações disseram à reportagem que um dos presos confirmou envolvimento nas invasões de celulares de Moro e do coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e não resta dúvida da participação de todo o grupo de Araraquara no crime.

A Operação Spoofing foi determinada pelo juiz da 10.ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.

O advogado Ariovaldo Moreira, que representa Gustavo e Suellen, disse que o relato ouvido pelo seu cliente sobre as mensagens será narrado hoje no depoimento à polícia. “O Gustavo me falou a respeito da invasão dos celulares. O próprio vermelho (Walter) mostrou que tinha as mensagens. O Walter mostrou mensagens de autoridades para ele há meses. E ele alertou: ‘Cuidado que você pode ter problema com isso’.”, disse. “Ele vai narrar os fatos as autoridades”.

Moreira nega envolvimento de Suellen e Gustavo na invasão dos celulares. “Suellen não sabia nada sobre os fatos”, afirmou. “(Ela) ficou todo tempo algemada, os pés, os braços. Não deram direito de falar com os advogados. Foram o tempo todo humilhados. Foram enquadrados por formação criminosa, a princípio”, disse o advogado.

Gustavo e Suellen passaram a noite nas dependências da Polícia Federal no Aeroporto de Brasília. A pedido da defesa, a polícia adiou os depoimentos de dois, que estava previsto para ontem.

O advogado do casal preso disse que Gustavo trabalha como DJ. O suspeito já foi condenado em outro caso pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por porte ilegal de arma. O advogado disse ainda que Suellen tem conhecimento “razoável” e trabalha com criptomoedas.

Em e-mail encaminhado à PF na noite de ontem, terça-feira, ao qual a reportagem teve acesso, o advogado solicita informações sobre o cumprimento do mandado de prisão e não autoriza a oitiva de seus clientes sem sua presença. “Disseram para eu estar presente em uma hora para o interrogatório. Mas eu fui saber da prisão quando o meu cliente já estava em Brasília. Impossível eu estar lá em uma hora”, disse.