Miguel Rodríguez Torres, ex-ministro do Interior do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi detido nesta terça-feira por liderar um complô para dividir a Força Armada, informou o governo.

“Era procurado pela Justiça por envolvimento em ações contra a paz (…). Participava de complôs com a intenção de atentar contra a unidade monolítica da nossa Força Armada”.

Segundo o governo, Rodríguez Torres – general da reserva e chefe de inteligência do finado presidente Hugo Chávez – planejava “ações criminosas” que incluíam “atos armados e contra a Constituição”.

“Será colocado à disposição da Justiça”, acrescenta o texto.

O Movimento Amplo Desafio de Todos (MADDT), fundado por Rodríguez Torres, qualificou a detenção de “arbitrária”.

Assessores de imprensa do general, de 54 anos, confirmaram à AFP que ele foi detido por funcionários do serviço de inteligência (Sebin) em um hotel de Caracas.

“Foi levado sem mandado judicial, é uma detenção arbitrária”, disse à AFP um colaborador do ex-ministro, que pediu para não ser identificado.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram o momento em que agentes do Sebin retiram Rodríguez Torres do hotel, onde participava de um ato político. O general é colocado em uma caminhonete branca e seu destino é ignorado.

César Mogollón, integrante do MADTT, disse à imprensa que os agentes do Sebin estavam “fortemente armados”.

“O caráter ditatorial deste governo está se materializando aceleradamente”, escreveu no Twitter Sergio Sánchez, também membro do MADDT.

Rodríguez Torres se tornou um ativo representante do chavismo dissidente e Maduro o acusava de planejar um golpe com a “direita” para derrubar o governo.

Chavista histórico, o militar participou da tentativa de golpe liderada por Chávez no dia 4 de fevereiro de 1992 contra o presidente Carlos Andrés Pérez.

Rocío San Miguel, diretora da ONG especializada em questões militares Controle Cidadão, disse à AFP que a detenção do ex-ministro é “uma mostra da ruptura em marcha entre o chavismo e o madurismo” dentro da Força Armada.

“Foi um dos homens mais poderosos da inteligência política e militar da revolução. Vamos assistir a uma onda de detenções que buscam demonstrar que Maduro é quem detém o poder”.

A captura de Rodríguez Torres ocorre três dias após uma corte marcial decretar a prisão de nove membros do Exército por “traição à pátria” e “instigar à rebelião”.

A ordem de prisão envolveu seis tenentes-coronéis, um primeiro-tenente e dois sargentos, detidos por funcionários do DGCIM no dia 2 de março em diferentes batalhões.

No mesmo dia, Maduro – que busca a reeleição em 20 de maio – expulsou da Força Armada 24 oficiais, a maioria detidos ou exilados, incluindo Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa de Chávez preso por suposto complô contra Maduro.

San Miguel estima que cerca de 80 militares estão presos acusados de conspirar contra Maduro.