Os presidentes dos países-membros da União Europeia acordaram nesta quarta-feira uma “posição unitária” para salvar o acordo nuclear com o Irã, que vão apoiar enquanto Teerã cumprir seus compromissos, embora tenham reconhecido algumas das preocupações expressas pelo presidente americano, Donald Trump, segundo uma fonte europeia.

A posição dos presidentes, após um jantar de trabalho de quatro horas em Sófia, também marca o início “dos trabalhos para proteger as empresas europeias afetadas negativamente pela decisão dos Estados Unidos” de sair do acordo nuclear e voltar a impor sanções ao Irã, acrescentou a fonte à AFP.

Os 28 se comprometeram a apoiar o acordo firmado em 2015, pelo qual Teerã suspendeu seu programa nuclear até 2025 em troca da suspensão das sanções internacionais, “enquanto o Irã respeitar o tratado”.

Os líderes se comprometeram a abordar a questão do papel do Irã no Oriente Médio, assim como o “programa (iraniano) de mísseis balísticos” e o cenário a partir de 2025, algumas das preocupações que levaram Trump a abandonar o pacto.

O grupo concordou em trabalhar “para proteger as empresas europeias afetadas negativamente pela decisão dos Estados Unidos” de abandonar o acordo com Teerã, acrescentou a mesma fonte.

Antes do jantar, presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, criticou a decisão de Trump declarando que “somos testemunhas hoje de um novo fenômeno, a atitude caprichosa da administração americana”.

“Quando observamos as últimas decisões do presidente Trump, podemos dizer que com estes amigos não precisamos de inimigos”, declarou o ex-premier polonês, que coordena as cúpulas entre chefes de Estado e de governo da União Europeia.

Este acordo “é de uma importância primordial para a paz”, advertiu o chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, enquanto Tusk foi direto: “enquanto o Irã fizer a sua parte a EU também o fará”.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, confirmou o “compromisso” do Reino Unido em fazer respeitar o acordo enquanto Teerã cumprir a sua parte.

Sobre o comércio, os 28 declararam seu apoio à Comissão Europeia nas conversações em curso com Washington para se evitar a imposição de tarifas de 25% sobre as exportações de aço e de 10% sobre as do alumínio vendido aos Estados Unidos, que podem ser aplicadas a partir de 31 de maio.

Caso os Estados Unidos aceitem conceder uma “isenção permanente” à UE sobre o aço e o alumínio, os 28 estão dispostos a “aprofundar” as relações energéticas, especialmente em relação ao gás liquefeito, e “melhorar” o acesso recíproco ao mercado dos produtos industriais, entre eles os automóveis.

Os europeus se abririam também, neste cenário, a trabalhar na reforma da Organização Mundial do Comércio com “soluções aceitáveis para as duas partes”, com o objetivo final de se “evitar uma guerra comercial” entre UE e Estados Unidos, segundo a fonte.

O encontro desta noite foi um prelúdio para uma reunião de cúpula programada para quinta-feira entre os líderes europeus e os dos Bálcãs Ocidentais (Albânia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Macedônia e Kosovo) para reafirmar seus laços com esta região, em face da influência russa.