O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebe nesta quarta-feira (1º) seu colega ucraniano Volodimir Zelenski, que apesar de ser o segundo líder europeu a visitar a Casa Branca, provavelmente não conseguirá sua meta de obter uma maior proteção de Washington contra a poderosa Rússia.
Zelenski, que passou a terça-feira no Pentágono pressionando por assistência militar na luta da Ucrânia contra a Rússia e os separatistas apoiados por Moscou, visitará o Salão Oval em um clima rarefeito.
A pandemia de coronavírus e os agitados primeiros sete meses da gestão de Biden se traduziram em poucas visitas estrangeiras à Casa Branca. A visita de Zelenski foi adiada por dois dias devido à tensa retirada dos Estados Unidos do Afeganistão.
Até agora, o único outro líder europeu que visitou a sede presidencial americana foi a chanceler alemã Angela Merkel.
“O presidente Zelenski e a Ucrânia receberam muita, talvez até mais, atenção deste governo do que qualquer outro país europeu”, disse um alto funcionário do governo de Biden, que pediu para não ser identificado.
Ele também enumerou os contatos entre o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e outros funcionários americanos com seus pares ucranianos, assim como dois telefonemas entre Biden e Zelenski.
A visita à Casa Branca é, sem dúvida, uma conquista para o presidente ucraniano, que busca se aproximar dos Estados Unidos desde que assumiu o cargo em 2019.
Um ex-comediante praticamente desconhecido no Ocidente, Zelenski se viu preso em uma tempestade política interna nos Estados Unidos quando o então presidente Donald Trump o pediu para lançar uma falsa investigação de corrupção contra a família de Biden antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2020.
As acusações de que Trump tentou bloquear a ajuda militar da Ucrânia para pressionar Zelenski provocaram um julgamento político que o republicano contornou com sucesso.
No entanto, a dura realidade é que os objetivos mais ambiciosos de Zelenski para a relação entre Estados Unidos e Ucrânia se movem muito lentamente.
O funcionário americano disse que Biden usará a reunião para “transmitir seu firme compromisso com a segurança, a soberania e as aspirações euroatlânticas da Ucrânia”.
Mas Biden já deixou claro que não vê um caminho rápido para a entrada da Ucrânia na aliança militar da Otan, alegando a corrupção generalizada nesse país.
Kiev argumenta que está combatendo a corrupção com sucesso, mas Washington, de qualquer forma, não quer entrar em um confronto direto com a Rússia, que anexou a península da Crimeia em 2014 e apoia os separatistas que controlam boa parte do leste da Ucrânia.
Zelenski se sentiu muito decepcionado com a decisão de Biden de retirar as sanções contra o gasoduto Nord Stream 2, do gigante energético estatal russo Gazprom.
A Casa Branca afirma que continua preocupada com as implicações geoestratégicas do gasoduto, que transportará gás natural entre Rússia e Alemanha, evitando a rota anterior através da Ucrânia. Biden argumentou que o projeto já estava quase concluído quando assumiu o cargo e não poderia mais ser interrompido.