Presidente sírio diz que Arábia Saudita expressou vontade de ajudar na reconstrução

O presidente interino da Síria, Ahmed al Sharaa, afirmou neste domingo (2) em Riad que a Arábia Saudita tem uma “vontade real” de ajudar na reconstrução de seu país depois da guerra, após uma reunião com o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman.

Esta é a primeira visita ao exterior do líder sírio desde que, à frente de uma coalizão de grupos armados, derrubou o regime de Bashar al-Assad em 8 de dezembro.

Acompanhado por seu ministro das Relações Exteriores, Asaad al-Shaibani, o presidente foi recebido por autoridades sauditas ao desembarcar do avião.

Mais tarde, Al Sharaa foi recebido pelo príncipe Mohammed bin Salman, governante de fato da Arábia Saudita, informou a agência oficial SPA.

Durante uma “longa reunião”, Al Sharaa constatou a “vontade real” de Riad de “apoiar a Síria na construção de seu futuro”, segundo um comunicado divulgado pela presidência.

“Falamos de grandes projetos para o futuro, nas áreas de energia, educação e saúde, para alcançar uma verdadeira associação que busque preservar a paz e a estabilidade em toda a região e melhorar a realidade econômica do povo sírio”, disse.

O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita confirmou em um comunicado que os governantes discutiram maneiras de “fortalecer as relações bilaterais entre os dois países irmãos”.

Al Sharaa foi nomeado na quarta-feira passada como presidente interino da Síria, em uma reunião a portas fechadas do “comando geral de operações militares”, sua coalizão de grupos armados islamistas que derrubou Bashar al-Assad em 8 de dezembro.

A Arábia Saudita, peso pesado do mundo árabe e potência sunita, foi um dos primeiros países a felicitar Al Sharaa por sua nomeação e desejou “sucesso”.

O novo governo sírio precisa das ricas nações do Golfo para financiar a reconstrução do país, devastado pela guerra civil, e para estimular sua economia.

No final de dezembro, Al Sharaa afirmou em uma entrevista ao canal saudita Al Arabiya que o reino “certamente terá um papel importante” no futuro da Síria, destacando que existe uma “grande oportunidade de investimento”.

Ele recordou que nasceu na Arábia Saudita, onde seu pai trabalhava, e que morou no paós até os sete anos.

– “Um favor estratégico” –

Rabha Seif Allam, pesquisadora do ‘Al-Ahram Center for Political and Strategic Studies’ com sede no Cairo, destaca que Riad está “desempenhando um papel crucial na reintegração da nova Síria no mundo árabe e no cenário internacional”.

A analista explica que a Arábia Saudita, maior economia do mundo árabe, seria “diretamente beneficiada” por uma estabilização na Síria.

“O Irã está excluído do cenário sírio agora, o que enfraquece sua influência regional, e o tráfico de drogas da Síria para os países do Golfo, um fator desestabilizador, é coisa do passado”, disse.

“Ao afastar Teerã da Síria, Al Sharaa fez um favor estratégico à Arábia Saudita”, completa.

Embora a Arábia Saudita e o Irã tenham encerrado um período de sete anos de frieza diplomática em 2023, as duas potências regionais continuam afastadas em várias questões geopolíticas, incluindo a guerra civil síria, na qual apoiaram lados opostos.

A Síria também pressiona para obter o fim das sanções internacionais que abalam sua economia.

As sanções começaram em 1979, quando o governo dos Estados Unidos classificou a Síria como “Estado patrocinador do terrorismo”, mas Washington e outras potências ocidentais intensificaram consideravelmente as medidas após a repressão violenta de Assad aos protestos pró-democracia em 2011, cenário que provocou a guerra civil.

O chefe da diplomacia saudita visitou Damasco no mês passado e prometeu ajudar a Síria a obter o fim das sanções.

Durante a visita, o príncipe Faisal bin Farhan afirmou que Riad está comprometido com um “diálogo ativo com todos os países relevantes”.

As novas autoridades sírias receberam várias visitas diplomáticas desde que Assad foi deposto.

Na quinta-feira, Damasco recebeu o emir do Catar, Tamim bin Hamad al Thani, que destacou a “necessidade urgente de formar um governo que represente todos os componentes” da sociedade síria, para “consolidar a estabilidade” e avançar na reconstrução do país.

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