O presidente russo, Vladimir Putin, viaja nesta quarta-feira a Berlim para participar da primeira reunião de cúpula em um ano sobre o conflito ucraniano com os líderes da Alemanha, França e Ucrânia, uma reunião difícil, que será seguida por outra, igualmente complicada, sobre a Síria.

O encontro com Angela Merkel, François Hollande e Petro Poroshenko corre o risco de não dar nenhum resultado – é o que os próprios participantes temem -, enquanto a aplicação dos acordos de paz de Minsk está bloqueada há vários meses.

“Há problemas sobre vários temas, o cessar-fogo, as questões políticas ou humanitárias”, disse a chanceler alemã na véspera da cúpula.

“Não podemos esperar um milagre, mas da forma como estão as coisas é preciso fazer todos os esforços”, ressaltou.

Na agenda figuram principalmente o respeito – bastante escasso – ao cessar-fogo entre as forças ucranianas e os rebeldes pró-russos, a adoção de uma lei eleitoral e a organização de eleições no leste do país, sob controle dos rebeldes pró-Moscou.

Sobre estes temas, Rússia e Ucrânia não param de fazer acusações mútuas. Pouco depois do anúncio da reunião, os dois países trocaram acusações de violação dos acordos existentes, o que certamente é um mau presságio para a reunião de Berlim.

O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, afirmou que “Kiev não faz nada”, enquanto a presidência ucraniana disse esperar que a reunião de Berlim “impulsione a Rússia a aplicar os acordos de Minsk”.

Moscou, acusado de atiçar a crise armando e apoiando os rebeldes, rejeita estas alegações e considera, por sua vez, que cabe à Ucrânia respeitar seus compromissos visando uma crescente autonomia da região do Leste.

“Não vamos ter expectativas muito elevadas com esta reunião”, advertiu o presidente ucraniano Poroshenko em um encontro com a imprensa em Oslo.

A esta reunião de quatro partes seguirá outra a três sobre o outro grande tema de tensão entre a Rússia e o Ocidente: a guerra na Síria, com os bombardeios de Moscou para apoiar o regime, em especial em Aleppo.