O presidente panamenho, José Raúl Mulino, defendeu nesta segunda-feira (11) na ONU a “neutralidade” do Canal do Panamá, em uma mensagem velada ao seu par americano, Donald Trump, que ameaçou retomar a via interoceânica por uma suposta influência da China.
Os Estados Unidos e a China são os dois principais usuários do Canal do Panamá, que gerencia 5% do comércio marítimo mundial, o que lhe confere uma importância vital econômica e geoestratégica.
Mulino se referiu ao canal durante uma sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas dedicada à prevenção, inovação e cooperação internacional para enfrentar os desafios da segurança marítima.
“É o direito internacional público a garantia da lei sobre qualquer assimetria econômica ou de poder bélico que possa existir”, afirmou o presidente panamenho.
Portanto, “é imperativo para a paz e a verdadeira segurança internacional preservar a neutralidade dessas rotas como espaços essenciais para o comércio mundial, a cooperação internacional e a estabilidade global”, destacou.
Entre os desafios para a segurança marítima, Mulino lembrou o crime organizado transnacional, o tráfico de drogas e armas e as mercadorias falsificadas, que segundo ele prosperam devido à “capacidade limitada de vigilância e à falta de cooperação efetiva entre os países”.
O canal “constitui o pilar central da infraestrutura marítima do nosso país, complementado por um sistema portuário robusto, um dos mais dinâmicos e eficientes da região”, sublinhou.
Mas são precisamente esses portos, onde a presença de empresas chinesas é muito elevada, o foco de preocupação do governo Trump que ameaçou retomar o controle da passagem.
Inaugurado em 1914, o Canal do Panamá foi construído pelos Estados Unidos e entregue aos panamenhos em dezembro de 1999, em virtude de tratados bilaterais.
“A influência da China na zona do canal não é apenas um risco para o Panamá e para os Estados Unidos, é uma ameaça potencial para o comércio mundial e a segurança mundial”, disse a representante interina dos Estados Unidos na ONU, Dorothy Shea, que também mencionou o Irã entre as ameaças.
Por sua vez, o administrador da Autoridade do Canal do Panamá, Ricaurte Vásquez Morales, lembrou que nos 25 anos sob administração panamenha, o canal dobrou sua capacidade, ampliou suas eclusas e melhorou sua segurança.
A ampliação concluída em 2016 permitiu aumentar em 50% o tráfego marítimo por esta via interoceânica e espera-se que este ano 53% das receitas do canal venham dessa nova eclusa, destacou.
“Nosso canal é a demonstração de que sua neutralidade é uma contribuição fundamental para a paz mundial e o desenvolvimento do comércio internacional. O trânsito seguro de todos os navios tanto em tempos de paz como de guerra é garantia de segurança para a navegação mundial”, concluiu Mulino.
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