O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, informou nesta segunda-feira (29) que seu governo está investigando o hackeamento de dados pessoais de mais de 300 jornalistas acreditados na Presidência, atribuindo o vazamento aos seus adversários políticos.

“Precisamos primeiro encontrar uma forma de saber o que aconteceu, quem hackeou”, disse o presidente em sua habitual entrevista coletiva matinal, prometendo que seu governo dará “apoio a todos os que aparecem na lista”.

Ele mencionou a entrega de um relatório ao instituto nacional responsável pela proteção de dados pessoais, o INAI.

Na noite de domingo, o INAI indicou que estava “atento aos relatos de jornalistas pelo suposto vazamento de seus dados pessoais” e compartilhou um formulário de denúncia.

López Obrador já criticou o INAI e anunciou uma reforma constitucional para que deixe de existir, junto com outros órgãos similares, alegando que “não servem para nada”.

“É uma guerra suja, é espionagem”, continuou o presidente sobre o vazamento, culpando seus adversários, a poucos meses das eleições.

“O que fizeram com Guacamaya é um ataque cibernético”, disse, em alusão ao vazamento de documentos oficiais confidenciais que afetou vários países da América Latina, incluindo o México.

– “Pessoas sem escrúpulos” –

“São as mesmas pessoas, pessoas sem escrúpulos morais que agem desta forma. São guerras midiáticas”, comentou, citando o nome de dois famosos jornalistas mexicanos.

“A segurança foi falha ou foram hackers muito bons. Lembrem-se que nossos adversários têm muito dinheiro e podem contratar os criminosos mais especializados do mundo”, afirmou o presidente.

A divulgação desses dados busca “semear a ideia de que nós censuramos, somos ditadores”, especulou.

López Obrador disse ainda que, diante das eleições presidenciais de 2 de junho, provavelmente este tipo de ação ilegal e outras que afetem seu governo vão se repetir.

Na última sexta-feira, o fundador da empresa de segurança cibernética Silikn, Víctor Ruiz, denunciou na rede social X o vazamento dos nomes e dados pessoais dos jornalistas.

Nessa lista, a AFP identificou vários de seus profissionais, que foram acreditados no governo de López Obrador em 2021.

O México é considerado um dos países mais perigosos do mundo para exercer o jornalismo, segundo diversas organizações de proteção de repórteres.

Ao menos 43 jornalistas foram assassinados no México desde que López Obrador assumiu a Presidência, em dezembro de 2018, segundo a ONG Article 19.

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