Por Dave Graham
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) – Nove em cada dez mexicanos que votaram no domingo em um referendo sem precedentes planejado pelo presidente Andrés Manuel López Obrador o apoiaram a permanecer no cargo, destacando seu domínio de uma agenda política polarizada.
Tanto críticos quanto apoiadores consideravam certa a vitória de López Obrador em uma votação que alimentou especulações de que poderia abrir a porta para estender os limites do mandato presidencial, agora limitado a um único período de seis anos.
Entre 90,3% e 91,9% dos eleitores apoiaram López Obrador, mostrou uma estimativa preliminar do Instituto Nacional Eleitoral (INE) na noite de domingo.
Lançando uma série de farpas contra adversários, López Obrador saudou o resultado do referendo como “histórico” e comparou sua contagem favorável com o número de votos conquistados por rivais que ele derrotou para ganhar a Presidência e em outras eleições.
“Não temos um rei no México”, disse ele em um discurso em vídeo. “É uma democracia, e as pessoas estão no comando.”
Um político de esquerda combativo, López Obrador foi o arquiteto do primeiro chamado “referendo revogatório” no México moderno, chamando-o de vital para confirmar seu mandato democrático.
O comparecimento à votação estava previsto entre 17% e 18,2%, disse o INE, bem abaixo do limite de 40% para ser vinculativo, e inferior a algumas pesquisas.
Os líderes da oposição desencorajaram ativamente seus apoiadores de votar, com muitos condenando o plebiscito como um exercício de propaganda e uma distração dispendiosa de problemas reais.
Esperava-se que a participação variasse entre 16% e 25% em uma pesquisa publicada pelo jornal El Financiero este mês.
Analistas políticos disseram que López Obrador aproveitaria o resultado como um triunfo pessoal em sua tentativa de promover uma mudança constitucional no mercado de eletricidade no Congresso na próxima semana, embora ele pareça ter poucos votos.
López Obrador nega querer estender seu mandato, mas usou o referendo para atrair apoiadores e testar sua força antes das eleições para governador em junho.
Desde que assumiu o cargo em dezembro de 2018, López Obrador não cumpriu promessas de campanha para reduzir os crimes violentos e impulsionar a economia, abalando os investidores ao tentar renegociar contratos e apertar o controle estatal dos recursos naturais.
Mas sua implantação bem-sucedida de programas de assistência social e a descrição diária implacável de uma narrativa política na qual ele aparece como um defensor moralmente correto dos pobres contra uma elite corrupta e rica têm ajudado a fortalecer sua popularidade.
(Reportagem adicional de Lizbeth Diaz, Diego Ore e Laura Gottesdiener)