A corrupção é o “principal obstáculo” ao direito a uma vida sem medo e sem miséria, disse nesta terça-feira (9) o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, no Conselho de Segurança de Nova York, em sessão dedicada à exclusão, desigualdade e conflito.

Em sua segunda viagem ao exterior desde que assumiu o cargo, há três anos, AMLO, sigla pela qual é conhecido, presidiu a sessão extraordinária organizada por seu país, que chefia este mês o Conselho de Segurança.

“Seria insensato omitir que a corrupção é a principal causa da desigualdade, pobreza, frustração, violência, migração e graves conflitos sociais”, disse em seu discurso, em sessão aberta a outras delegações que não fazem parte do Conselho.

E como exemplo de desigualdade, colocou a distribuição da vacina contra a covid-19. “As empresas farmacêuticas privadas venderam 94% das vacinas, o mecanismo Covax, criado pela ONU para os países pobres, mal distribuiu 6%”, disse antes de resumir que é “um fracasso doloroso”.

Se “não conseguirmos reverter essas tendências por meio de ações concretas, não seremos capazes de resolver nenhum dos outros problemas que afligem os povos do mundo”, afirmou.

López Obrador não poupou críticas à ONU, que “nunca fez nada de realmente substancial em benefício dos pobres”, como disse após encontro com o secretário-geral da entidade, Antonio Guterres, com quem chegou à reunião do Conselho.

Pouco inclinado a viajar para o exterior, o presidente ficará menos de 24 horas em Nova York, onde desembarcou em voo comercial.

Mas enquanto a AMLO atacava a corrupção na ONU, fora da sede da organização, uma dezena de pessoas da Frente Nacional Mexicana (FRENA) protestava contra sua presença. Ele é um “mentiroso corrupto e genocida”, disse à AFP Viví Sifuentes, uma das manifestantes.

López Obrador anunciou também que o México irá propor à Assembleia Geral das Nações Unidas um Plano Mundial de Fraternidade e Bem-Estar para “garantir o direito a uma vida digna para 750 milhões de pessoas que sobrevivem com menos de dois dólares por dia”.

Para financiar este plano, propõe “uma contribuição voluntária anual de 4% das suas fortunas às mil pessoas mais ricas do planeta”, bem como uma contribuição semelhante das “mil empresas privadas” mais importante e uma cooperação de 0,2% do PIB de cada um dos membros do G20, o que permitiria “ter cerca de um trilhão de dólares anuais”.

Para o México, a ajuda humanitária também é uma prioridade, que adquiriu uma “dimensão sem precedentes”, segundo seu embaixador Juan Ramón de la Fuente. Assim como o tráfico de armas, especialmente as de pequeno porte, ou a proteção de civis.