O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta terça-feira, 23, um decreto que dispõe sobre o reconhecimento, a valorização e a promoção da cultura gospel como manifestação cultural nacional, em solenidade no Palácio do Planalto.
O decreto estabelece que a cultura gospel será compreendida como conjunto de expressões artísticas culturais e sociais que se vinculam à manifestação da fé no Brasil, tendo em vista a valorização, promoção e proteção da cultura gospel no âmbito das políticas públicas de cultura.
Lula e os evangélicos
Trata-se de mais uma sinalização de Lula em direção aos evangélicos. O segmento representa 26,9% da população brasileira, conforme dados do último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas é majoritariamente refratário ao presidente e mais simpático a políticos da direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em outubro de 2024, o mandatário sancionou a lei que institui o dia 9 de junho como Dia Nacional da Música Gospel em solenidade na qual teve uma oração dedicada pelo deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), pastor da Assembleia de Deus de Madureira.

Evangélicos dedicam oração a Lula após sanção de lei que cria Dia Nacional da Música Evangélica
Na época, integrantes da Frente Parlamentar Evangélica ouvidos pela IstoÉ minimizaram o gesto, dizendo que o petista não fez “mais do que a obrigação” e quis “tirar uma casquinha” ao sancionar uma lei aprovada por unanimidade no Congresso.
“O presidente tenta pegar carona na sanção porque sabe das dificuldades que tem [para conquistar] o voto evangélico, por fazer um governo divorciado dos valores cristãos”, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder da bancada do PL na Câmara e aliado do pastor Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Mais recentemente, com a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso do STF (Supremo Tribunal Federal), aliados do presidente defenderam que sua escolha do advogado-geral da União, Jorge Messias, para substitui-lo na corte tem a associação religiosa como um dos fatores positivos.
Messias é fiel da Igreja Batista Cristã e uma das raras pontes entre o Palácio do Planalto e o segmento. A indicação está travada no Senado, mas caso seja aprovada, fará de Messias o segundo evangélico no atual colegiado do Supremo — ao lado de André Mendonça, indicado por Bolsonaro.
O que o presidente disse ao assinar o decreto
“Nós estamos terminando um ano que começou com muita gente desacreditando no futuro deste país. Se vocês pegarem a imprensa e pegarem a parte da imprensa que fala do crescimento do Brasil, que fala da relação com o Congresso Nacional, que fala do crescimento econômico, vocês vão perceber que todas as previsões eram negativas”, disse o presidente.
Lula continuou: “Não tem uma previsão positiva no começo do ano. Era como se tivessem pessoas pensando que o Brasil não pode dar certo, não deve dar certo“.
“Eu nasci criado por uma mãe que não me permitia não acreditar. Eu nasci acreditando que não tinha nada que você não pudesse mudar, era só você ter vontade, disposição e muitas vezes tirar a palavra ‘não’, ou ‘é difícil’, ou ‘é impossível’, do seu vocabulário. E sempre buscar a palavra que você vai ‘buscar fazer acontecer'”, afirmou.
Na cerimônia, estavam presentes políticos evangélicos, como Messias, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) e o deputado Otoni de Paula. Também compareceram representantes de diferentes segmentos da igreja evangélica, com apresentações artísticas e discursos.
*Com informações de Estadão Conteúdo