O presidente de Israel se encontrará com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e com seu principal oponente, Benny Gantz, ao mesmo tempo, nesta segunda-feira (23), para tentar fazer seus partidos formarem um governo de união após as eleições da semana passada.

Essa reunião importante ocorre após os resultados das eleições, nas quais as legendas de Gantz e Netanyahu ficaram empatadas, comprometendo o mandato deste último.

Em um comunicado, o presidente Reuven Rivlin anunciou ter convidado os dois a se encontrarem com ele, ao mesmo tempo, na noite desta segunda, enquanto ainda estudava a quem confiará a tarefa de formar um governo.

Rivlin já consultou vários partidos com representação no Parlamento para ouvir suas recomendações sobre quem deve compor o novo Executivo.

O partido Azul e Branco (centro) de Benny Gantz conquistou 33 cadeiras nas eleições de 17 de setembro, enquanto o Likud de Benjamin Netanyahu (direita) conquistou 31 deputados.

Netanyahu e Gantz defenderam a formação de um governo de união. Gantz anunciou sua intenção de assumir como premiê, já que seu partido ficou em primeiro lugar na corrida eleitoral.

A situação chegou a gerar rumores sobre a realização de novas eleições, que aconteceriam pela terceira vez este ano. Rivlin afirmou, porém, que fará o que estiver a seu alcance para evitar uma nova convocação às urnas.

Hoje, Netanyahu reiterou seu chamado a Gantz para formar um Executivo de união, consciente de sua incapacidade para formar uma coalizão de direita, como esperava poder fazer.

“O único governo que se pode formar nestas condições é um grande [governo], de união, entre nós”, afirmou Netanyahu durante uma reunião com deputados do Likud.

“A única maneira de conseguir isso é nos sentarmos e conversar”, insistiu.

– Em busca de uma coalizão “estável” –

Rivilin quer que o Likud e o Azul e Branco formem um governo de união, por meio de uma coalizão “estável”. Como conseguir isso ainda é uma incógnita.

O fim da era Netanyahu pode representar um antes e um depois na política israelense.

“Bibi” foi primeiro-ministro por um período recorde de mais de 13 anos e, nas próximas semanas, poderá ter de enfrentar acusações de corrupção. Sua audiência judicial está prevista para o início de outubro.

O encontro promovido pelo presidente acontece um dia depois de a Lista Unida dos partidos árabes romperem com a posição mantida nos últimos 25 anos. Decidiram apoiar um candidato a premiê e, neste caso, sua preferência é por Benny Gantz.

Ao anunciar sua decisão, a aliança árabe quis destacar que sua escolha tem como objetivo ajudar a tirar Netanyahu do poder, e não porque pretendam, necessariamente, apoiar as políticas de Gantz.

A Lista Unida de partidos árabes obteve 13 deputados e se tornou a terceira força política no Parlamento.

Espera-se que Rivlin designe um candidato para compor o governo na quarta-feira, depois de receber os resultados definitivos das eleições.

A pessoa escolhida terá 28 dias para montar um novo Executivo, com uma possível prorrogação de duas semanas.

Se não conseguir, Rivlin poderá encomendar a tarefa a outro candidato.

Durante as consultas do presidente, Gantz obteve o apoio de 54 deputados, e Netanyahu, de 55.

Estes apoios não incluem, porém, o ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, um nacionalista laico líder do partido Beiteinu. Ele ainda não se pronunciou e pode ser o fiel da balança para um novo Executivo.

Também excluem três deputados de uma das legendas da Lista Unida, que descartaram apoiar Gantz.