A o inaugurar os painéis solares na Usina Hidrelétrica de Sobradinho, 5, em Salvador e falar em “Maus Brasileiros”, Jair Bolsonaro abriu um pouco mais a caixa de Pandora em que desnecessariamente está colocando o Brasil.

A crescente destemperança verbal do presidente começa a ser relevante na equação da sua credibilidade interna, há cada vez menos paciência, mesmo junto às pessoas que o elegeram, por causa das besteiras que diz.

Um candidato até pode comentar sobre bons e maus cidadãos, mas para um presidente, todos são iguais. Quando jurou a constituição, jurou também isso. Deve perceber as razões pelas quais foi eleito e incorporar rapidamente em seu discurso uma pose mínima de homem de Estado.

Por muito que lhe custe, nem mesmo no Brasil o presidente pode receber homens de negócios gritando palavras chulas nos corredores do palácio. Isso não é informalidade tropical, é falta de educação. O Planalto não é a casa dele. Inquilino e dono são coisas diferentes.

Todo o ganho que existiu na mudança política pode se perder se o presidente não enxergar, de uma vez por todas, que não está mais na oposição tentando conquistar o poder. Não pode sair falando tudo que lhe vem à mente.

Se continuar assim, mesmo que a economia melhore e as reformas continuem, se tornará incômodo, até para os seus apoiadores.

O presidente Bolsonaro é amado por muitos, mas é odiado por cada vez mais pessoas. Mesmo os apoiadores mais fanáticos que, nas mídias sociais, o defendem com fervor quase religioso, estão perdendo ímpeto. Até os credos evangélicos que o apoiam, têm cada vez dificuldade em explicar piadas de mau gosto, por exemplo, sobre o tamanho da cabeça de fiéis nordestinos.

O exercício do poder exige aos líderes políticos uma preparação que Bolsonaro manifestamente não tem, mas que precisa aprender rapidamente. O presidente precisa desenvolver a qualidade mais importante que um político de relevância internacional, como é, tem que ter: saber viver em solidão.

Isso significa que terá de parar de falar dele e de seus filhos e começar a tratar do Brasil. Cuidado, o peixe morre pela boca. Só o silêncio vale ouro.

Para quem tantas vezes refere-se à bíblia, em sua ação política, há uma passagem a observar, curiosamente do livro dos provérbios. Capítulo 17, versículo 28.

“Até o insensato passará por sábio se ficar quieto e, se contiver a língua, parecerá que tem discernimento.” Presidente, o Brasil precisa desse silêncio.

A crescente destemperança verbal do presidente começa a ser relevante na equação da sua credibilidade interna, mesmo junto às pessoas que o elegeram