Presidente francês visita Argélia para reforçar relações

Presidente francês visita Argélia para reforçar relações

O presidente francês Emmanuel Macron chegou à Argélia, um fornecedor de gás cada vez mais importante para a Europa, nesta quinta-feira (25) para reforçar uma relação marcada pelo ressentimento da era colonial.

O avião do chefe de Estado francês, acompanhado por uma delegação de mais de 90 pessoas, aterrissou por volta das 15h30 (14h30 GMT, 11h30 em Brasília) em Argel. Foi recebido ao descer do avião por seu homólogo Abdelmadjid Tebboune, com honras militares. Os dois se abraçaram antes de ouvir os hinos nacionais tocados por uma orquestra militar.

Os dois líderes visitarão o Monumento aos Mártires, erguido em memória da guerra de independência da Argélia contra a França (1954-1962). Em seguida, participarão de um encontro bilateral, antes do previsto jantar no Palácio em homenagem ao presidente francês, que contará com a presença de toda a delegação.

As relações entre os dois países ficaram tensas no ano passado depois que Macron questionou a existência da Argélia antes da ocupação francesa que durou mais de 130 anos e acusou Argel de fomentar “ódio à França”.

Seu homólogo argelino respondeu retirando o embaixador de seu país de Paris em outubro do ano passado e também proibiu aviões militares franceses de sobrevoar seu espaço aéreo. Mas a disputa diplomática chegou ao fim quando a Presidência francesa disse que “lamentava” os mal-entendidos causados pelos comentários de Macron, feitos a portas fechadas, mas ecoados pelo jornal Le Monde.

– “Necessidade política” –

A eleição em 2017 do primeiro presidente francês nascido depois de 1962 foi, no entanto, anunciada como um bom presságio para o relacionamento franco-argelino. Sua segunda visita ao país busca “reforçá-lo”, segundo o Eliseu.

A visita ocorre em um período carregado de símbolos, com o 60º aniversário dos Acordos de Evian, que encerraram oito anos de guerra e abriram o caminho para a independência da Argélia em julho de 1962.

O desejo do presidente francês de acalmar a tensão também ocorre quando a Argélia desponta como fornecedor alternativo do gás, fundamental para a União Europeia (UE), após a invasão russa da Ucrânia.

Os países europeus querem acabar com sua dependência dos hidrocarbonetos russos, o que dá à Argélia – com seus gasodutos para Espanha e Itália – peso e importância renovados.

Ainda assim, o gás argelino não é “verdadeiramente o objetivo da visita” e haverá “anúncios de grandes contratos ou grandes negociações deste tipo”, garantiu o Palácio do Eliseu.