19/09/2017 - 10:41
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, reuniu-se pela primeira vez publicamente, nesta segunda-feira, em Nova York, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mostrando a vontade do Cairo de retornar à cena diplomática no Oriente Médio.
À margem da Assembleia Geral da ONU, os dois discutiram o processo de paz israelense-palestino, paralisado desde 2014, indicou nesta terça-feira a presidência egípcia.
Ao final deste encontro, o presidente Sissi ressaltou a importância de “relançar as negociações entre palestinos e israelenses, a fim de alcançar uma solução abrangente” para o conflito.
De acordo com o comunicado, os dois líderes discutiram “maneiras de retomar” essas negociações, sem mais detalhes sobre a metodologia.
Este encontro aconteceu em paralelo a outro de grande significado para o Oriente Médio: a reunião na segunda-feira entre o presidente palestino Mahmoud Abbas e o líder do movimento islâmico do Hamas Ismail Haniyeh.
Este início de reaproximação entre os dois inimigos, foi possível graças à mediação do Cairo, onde Haniyeh visitou a semana passada.
Ao retornar, o líder do Hamas anunciou a dissolução de uma organização polêmica em Gaza, enclave dirigido pelo movimento, e disse estar pronto para trabalhar pela reconciliação com o Fatah de Abbas.
A visita de Ismail Haniyeh ao Egito para discutir a reconciliação palestina também marcou um notável avanço na atitude do Cairo em relação ao movimento islâmico palestino após um longo período de tensão.
O Hamas era acusado de apoiar a fraternidade da Irmandade Muçulmana, que foi classificada como uma organização terrorista pelo regime do ex-marechal Sissi desde a destituição do presidente islâmico Mohamed Mursi em 2013.
– Solução de dois Estados –
Em Nova York, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse na segunda-feira que um acordo de paz entre Israel e os palestinos era “possível”, acrescentando que sua administração faria todo o possível para resolver esta questão espinhosa, apesar dos repetidos fracassos de Washington.
Nesta perspectiva, o Egito tornou-se um importante interlocutor desde a chegada de Trump à Casa Branca, no início de 2017. As relações entre os dois aliados haviam resfriado significativamente após a queda de Mursi e a repressão sangrenta do regime egípcio que se seguiu.
O genro e conselheiro do presidente americano, Jared Kushner, está profundamente envolvido nos esforços de Washington para reviver o processo de paz e visitou a região no final de agosto.
Por outro lado, os líderes palestinos escondem cada vez menos sua frustração com a administração Trump, que até agora se absteve de apoiar a solução de dois Estados, com a criação de um Estado palestino coexistindo com Israel.
Seria “completamente aberrante” que Trump não apoie esta solução, declarou na segunda-feira um assessor de Abbas.
Nesta terça-feira, o ministro da Cooperação Regional israelense, Tzahi Hanegbi, que também está em Nova York, elogiou o encontro Netanyahu-Sissi.
“As relações entre os dois países têm se reforçado nos últimos dois anos, mas a surpresa veio do fato de que, ao contrário do passado, o presidente egípcio concordou em assumir publicamente essas relações”, disse Hanegbi, amigo íntimo do primeiro-ministro, na rádio militar israelense.
Perguntado sobre a ausência da bandeira israelense nas fotos e vídeo da reunião transmitida pelo serviço de imprensa do governo israelense, Tzahi Hanegbi minimizou o significado.
“A reunião ocorreu no hotel da delegação egípcia e é óbvio que não poderia ter um estoque de bandeiras estrangeiras”, disse o ministro.