Presidente e vice da Argentina reforçam aliança de olho nas legislativas

Presidente e vice da Argentina reforçam aliança de olho nas legislativas

O presidente argentino, Alberto Fernández, e a vice-presidente Cristina Kirchner superaram as tensões internas na retomada da campanha para as eleições legislativas nesta quinta-feira (30), com o anúncio de benefícios para o setor agroindustrial, histórico adversário do peronismo.

“Não é necessário que todos pensemos igual”, admitiu Fernández, que apareceu pela primeira vez ao lado da ex-presidente desde a derrota do partido no poder nas primárias obrigatórias de 12 de setembro para renovar parcialmente o Congresso em 14 de novembro.

Na época, Kirchner atribuiu a queda abrupta de votos, de 48% para 32% em relação às eleições presidenciais de 2019, ao que qualificou de “ajuste fiscal”, política que, segundo a política, fez com que o eleitorado desse as costas para o governo.

O projeto de lei de fomento do agronegócio, anunciado nesta quinta-feira, “reivindica a cultura do encontro e diálogo”, afirmou Fernández, em mensagem direta aos empresários agrícolas e exportadores, entidades que colocaram Kirchner em xeque com greves quando ela presidiu a Argentina entre 2007 e 2015.

O partido no poder Frente de Todos une o peronismo social-democrata, encarnado em Fernández, com a centro-esquerda peronista liderada por Kirchner, aliança que conseguiu frustrar o projeto de reeleição do ex-presidente liberal de direita Mauricio Macri dois anos atrás.

Mas o macrismo e seus aliados mantiveram sua base eleitoral de 40% nas primárias deste ano e aparecem fortes para vencer as eleições legislativas.

O plano agroindustrial, um gesto conciliador com os patrões agrícolas, prevê benefícios fiscais para aumentar as exportações de alimentos em 7 bilhões de dólares, que neste ano rondam os 29 bilhões.

A Argentina é um dos maiores fornecedores mundiais de alimentos. Suas exportações agroindustriais representam 21% do produto interno bruto e 65% do total das vendas externas.