O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e o líder rebelde, Riek Machar, concordaram nesta quinta-feira em formar um governo de união nacional até o prazo final de sábado, um passo considerado crucial para acabar com seis anos de guerra civil.

“Concordamos em formar o governo em dois dias, 22 de fevereiro. Ainda estamos discutindo outras questões e estou confiante de que encontraremos uma solução”, disse Machar.

Kiir confirmou que os dois homens concordaram em governar juntos, após duas tentativas anteriores, que terminaram em fracasso.

A guerra civil iniciada no país em 2013 foi provocada depois que Kiir acusou seu ex-vice-presidente Machar, membro do grupo étnico Nuer, de fomentar um golpe de Estado.

E em julho de 2016, outra tentativa de governo de união chegou a um fim depois de violentos combates entre as duas partes em Juba.

Nesta quinta, Kiir anunciou que dissolverá o atual governo e nomeará Machar para um dos cargos de vice-presidente na sexta-feira, conforme previsto no acordo de paz de setembro de 2018.

“Como presidente, vou nomear os vice-presidentes e começarei nomeando Riek amanhã de manhã (sexta-feira). Vou dissolver o governo hoje (quinta-feira) e um novo governo será formado no dia 22”, disse ele.

A formação de um governo de união nacional era o ponto chave do acordo de paz de 2018.

Os dois prazos anteriores para formar esse governo não foram respeitados, em razão das divergências quanto à criação de um exército nacional unificado, ao número de estados regionais e às garantias relacionadas à segurança de Machar.

O presidente Kiir anunciou que seus homens serão responsáveis pela segurança da capital, bem como pela de Machar.

Ele convidou as cerca de 190.000 pessoas que ainda vivem em campos protegidos pela ONU em todo o país a voltar para casa, porque uma “nova era de paz chegou”.

O conflito, marcado por atrocidades étnicas, incluindo assassinatos e estupros, fez mais de 380.000 mortos em seis anos e causou uma crise humanitária catastrófica.

O anúncio desta quinta-feira é feito após meses de pressão internacional, particularmente de Washington, que nesta quinta-feira elogiou “o forte compromisso assumido por Machar”.

Especialistas alertaram, porém, quanto a formação de um governo de união nacional sem resolver os muitos problemas pendentes, considerando que mais uma vez levará ao desastre.

Os soldados do governo e rebeldes desmolibizados começaram a ser reunidos em quartéis improvisados para convocar um exército nacional que, eventualmente, deverá contar com 83.000 homens.

Mas o treinamento em si ainda não começou, uma vez que os milhões de dólares exigidos não foram repassados pelo governo e, portanto, milhares de soldados estão alojados sem suprimentos suficientes de água e comida.