Presidente dos Correios pede demissão da estatal após prejuízos bilionários

Valter Campanato/Agência Brasil
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, entregou sua carta de demissão ao Palácio do Planalto nesta sexta-feira, 4. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pela IstoÉ com fontes na estatal, sob condição de anonimato.

A saída ainda será informada por Santos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está na Argentina para participar da cúpula do Mercosul. Na viagem, o petista também visitou Cristina Kirchner, ex-presidente do país, que está em prisão domiciliar após ser condenada por corrupção.

Crise nos Correios está por trás da saída

A empresa registrou um prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre de 2025, uma alta de 115% em relação aos R$ 801 milhões reportados como prejuízo no mesmo período de 2024. Com os números, os Correios foram responsáveis por mais da metade do déficit total das estatais federais.

Em entrevista concedida à IstoÉ Dinheiro em março, Santos atribuiu a crise ao “sucateamento” promovido pelos governos anteriores e se comprometeu a “fazer o dever de casa” para cortar gastos na companhia.

Entre maio e junho, ainda sob o comando do gestor, a estatal concedeu o Palácio dos Correios, em São Paulo, à prefeitura da cidade, e colocou à venda um imóvel de R$ 273 milhões em Brasília. Apesar dos esforços, não houve tempo para recuperação.

O mandato de Santos começou em agosto de 2023 e terminaria em 6 agosto de 2025. Com a saída, caberá ao Ministério das Comunicações, a quem a empresa está subordinada, indicar um substituto.

Conforme informações de bastidor, o União Brasil cobiça o cargo. O partido já chefia, de forma indireta, a pasta das Comunicações: embora não tenha filiação, o ministro Frederico Siqueira Filho foi indicado a Lula por Davi Alcolumbre (AP), presidente do Senado e principal elo entre a sigla e a gestão petista.