O presidente do Tajiquistão, Emomali Rakhmon, foi reeleito com mais de 90% dos votos, segundo resultados preliminares anunciados nesta segunda-feira (12), permanecendo no poder desta pobre ex-república soviética da Ásia Central, que lidera desde 1992.

A Comissão Eleitoral Central indicou que 90,9% dos eleitores votaram em Rakhmon, razão pela qual ele iniciará um novo mandato de sete anos em um país onde os opositores são excluídos do sistema político. A participação foi de 85%.

Esta vitória permitirá a Emomali Rakhmon superar os 30 anos no poder e se tornar o chefe de Estado a ocupar por mais tempo o cargo no antigo espaço soviético, quebrando o recorde do ex-presidente do Cazaquistão Nursultan Nazarbayev.

Contra Rakhmon, quatro candidatos, considerados puramente formais, dividiram os 10% dos votos restantes.

O Partido Social-democrata, único de oposição no país, boicotou a eleição.

Ex-chefe de fazendas coletivas e membro do Partido Comunista, Emomali Rakhmon, de 68 anos, assumiu o comando do Tajiquistão em 1992.

Nesta época, uma guerra civil foi travada neste país montanhoso, na fronteira com o Afeganistão, entre o poder pró-comunista e rebeldes fundamentalistas muçulmanos. O conflito causou mais de 100.000 mortes entre 1992 e 1997.

Para os partidários de Rakhmon, ele foi o arquiteto da reconciliação do país.

“A paz é a coisa mais importante. Se tivermos paz, tudo ficará bem”, disse Safar Mallaiev, de 66 anos, que votou no presidente.

Eleito presidente pela primeira vez em 1994, Rakhmon foi reeleito em 1999, 2006 e 2013. Nenhuma dessas eleições foi considerada livre pelos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

Em 2016, uma revisão constitucional permitiu ao “fundador da paz e da união nacional e líder da nação” – o título oficial de Rakhmon – concorrer um número ilimitado de mandatos.

As ONGs de defesa dos direitos humanos denunciam frequentemente o aumento das pressões contra a oposição, a imprensa e a sociedade civil neste país.

Nos últimos meses, o presidente parece organizar sua sucessão, colocando seu filho mais velho, Rustam Emomali, de 32 anos, em uma posição-chave.

Prefeito da capital Dushanbe, ele também preside o Senado desde abril. Em caso de incapacidade do chefe de Estado, é o presidente da Câmara Alta que assume a presidência interina.

O Tajiquistão, com mais de nove milhões de habitantes, é o país mais pobre da Ásia Central e da ex-URSS. A crise do coronavírus agravou sua situação econômica.

Centenas de milhares de tajiques trabalham na Rússia ou no Cazaquistão, principalmente na construção civil, para enviar dinheiro para suas famílias. De acordo com o especialista Alex Koksharov os valores enviados por esses migrantes caíram “25% no primeiro semestre, segundo diversos estudos”, devido às medidas de confinamento.

Muitos perderam seus empregos na Rússia no início da crise epidêmica, explica ele. E se tiverem que voltar ao Tajiquistão, isso levará a uma “instabilidade econômica e política”, adverte.