Presidente do diretório do PT no Rio de Janeiro e filho do prefeito petista de Maricá, Washington Quaquá, Diego Zeidan disse nessa segunda-feira, 1º, que megaoperação policial contra o Comando Vermelho, que deixou 121 mortos na capital fluminense, foi “bem sucedida” e que o partido “não pode cometer o erro de ser contra”.
Em posição contrária à de boa parte do PT, que colou na ação policial a pecha da letalidade excessiva, Zeidan ainda defendeu o armamento da guarda municipal maricaense. “Estamos armando a guarda porque queremos fazer o enfrentamento de frente com o crime organizado. Vamos fazer treinamento com o Bope, comprar fuzil, para que a gente possa ir para as favelas”, afirmou.
“A operação que teve aqui, que cometeu um grande assassinado de 120 jovens… O combate ao crime organizado é necessário. Não podemos ter a demagogia de achar que a polícia não tem que entrar com arma. Porque se tem bandido de fuzil, com barricada, impedindo a entrada do Estado, o Estado tem que combater”, disse o petista.
Para Zeidan, o único erro das autoridades foi, no dia seguinte à operação, ter “saído da favela”. “Não adianta fazer uma operação contra o crime organizado, que na minha opinião foi bem sucedida, mas, no dia seguinte, o Estado sair da favela”, continuou.
Seu pai, vale lembrar, além de vice-presidente nacional do PT, é conhecido por posições antagônicas às de setores mais ideológicos do partido. O prefeito de Maricá defende mais efetividade no combate à criminalide e o alinhamento a candidaturas de centro em 2026.
Megaoperação é criticada pelo PT
Conforme o governo do Rio de Janeiro, 121 pessoas morreram na megaoperação deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, entre os quais quatro são policiais. O governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação como um “sucesso” e disse que as únicas vítimas foram os agentes mortos.
Governadores de oposição ao presidente Lula (PT), como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, formaram um “Consórcio da Paz” em endosso à iniciativa da gestão fluminense. Militares com experiência de combate, como o ex-comandante do Bope André Luiz de Souza Batista e o capitão Rodrigo Pimentel, autores do livro “Elite da Tropa”, também elogiaram a ofensiva.
“Uma operação eficiente não teria policiais mortos, mas 113 presos e 119 criminosos mortos com 97 fuzis e 26 armas leves apreendidas fora de circulação refletem êxito em relação ao resultado operacional“, afirmou Batista à IstoÉ.
Por outro lado, a Defensoria Pública do Rio afirma que o número de mortos pode chegar a 132 e alertou para possíveis violações e abusos. A ONU (Organização das Nações Unidas) expressou extrema preocupação, pedindo investigações e uma reforma do policiamento.
“A longa lista de operações que resultam em muitas mortes, que afetam desproporcionalmente pessoas negras, levanta questões sobre a forma como essas incursões são conduzidas”, disse uma porta-voz do secretário-geral da organização, António Guterres.