O presidente do PT, Edinho Silva, minimizou as críticas por problemas na comunicação do partido e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reforçou o uso de pautas sensíveis para tentar alavancar a popularidade da legenda para as eleições de 2026. Edinho admite que houve falhas nos dois primeiros anos da gestão petista, mas vê avanço no uso das redes sociais com a mudança de rota no campo político.
Nos últimos meses, o Palácio do Planalto tem sido alvo de críticas pela dificuldade de furar a bolha para se comunicar de forma mais clara com os eleitores nas redes sociais, impactando a popularidade de Lula. Para reverter o cenário, o petista fez trocas na Secretaria de Comunicação Social (Secom) e acionou Sidônio Palmeira, seu marqueteiro nas eleições de 2022, para assumir o comando da imagem do governo.
Edinho vê a comunicação sendo refinada e atrelou o avanço da popularidade nas redes sociais ao acerto no campo político. Ele elogiou a mudança de estratégia do governo em apostar em pautas populistas, como a reforma do Imposto de Renda, mas minimizou a crise do Pix, que afetou o Planalto no começo do ano.
“A comunicação é eficiente quando a política é acertada. Não há como você se comunicar se você não tiver acerto na linha política. E acredito que o PT tem se comunicado bem nos últimos períodos. Não digo que não temos que aprimorar. A comunicação digital é central e precisamos acompanhar aquilo que ela oferece”, afirmou, em entrevista à ISTOÉ.
“Eu vejo que o governo se comunicou bem ao falar da democratização da renda, o debate do IOF, esse afrontamento do Trump. A história do Pix, a forma como a notícia chegou à imprensa e sem a explicação devida nos fez perder o debate, isso é inegável”, concluiu.
Essa, inclusive, deve ser a mesma estratégia que o PT deve usar para emplacar temas sensíveis nas redes sociais. Uma das ideias é tentar avançar na comunicação para debater a regulamentação da exploração de terras raras, tema que está na mesa do Palácio do Planalto em meio ao conflito com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem interesse na região para abrir negociações sobre a tarifa de 50% imposta sobre produtos brasileiros.
Outro tema colocado em pauta é a segurança pública. Edinho defendeu que o partido entre no tema para fazer frente à direita, que domina o assunto nas redes sociais.
“O PT tem que entender a importância da transição energética e criar um projeto para dialogar com a sociedade. Temos que entrar no debate das terras raras, na questão equatorial. Precisamos debater sobre segurança pública para reduzir a criminalidade, além da violência policial”, defendeu.

Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara e presidente do PT, em entrevista à ISTOÉ
PT próximo do Centro
A chegada de Edinho Silva à presidência do PT deve intensificar as negociações do partido com o Centrão para o apoio a Lula nas eleições de 2026. O ex-prefeito de Araraquara terá a missão de reverter a crise de imagem que o presidente sofre junto aos partidos.
MDB, PSD, Republicanos, União Brasil e Progressistas contam com ao menos um ministério no Planalto, mas não dão apoio total ao governo no Congresso Nacional. Interlocutores do partido pretendem segurar ao menos dois desses partidos para emplacar a reeleição de Lula.
Questionado se o partido está se posicionando mais ao Centro, Edinho negou a possibilidade e reafirmou os laços da legenda com aliados históricos. Entretanto, o presidente do PT reforçou a necessidade de dialogar com todos os campos políticos.
“O PT jamais será um partido de centro-esquerda. Temos laços históricos e compromissos com a classe trabalhadora. Agora, o PT tem um projeto de país e para desenvolver essa agenda temos que dialogar com todas as forças políticas”.
“Sabemos quem são nossos aliados históricos, mas evidentemente acho que temos que estar abertos para dialogar com quem quer construir um Brasil soberano. Quem quiser sentar à mesa para dialogar uma agenda que tenha esses princípios, o partido tem que conversar”, ressaltou.