A primeira mulher a liderar o principal sindicato de trabalhadores do Japão destacou, nesta sexta-feira (22), as “questões-chave” de igualdade de gênero e da diversidade no país.

Tomoko Yoshino, de 55 anos, é presidente da Confederação Japonesa de Sindicatos de Trabalhadores (RENGO) desde outubro. Ela é a primeira mulher a ocupar este cargo desde a fundação desta organização, agora com 7 milhões de afiliados, em 1989.

Em entrevista coletiva nesta sexta, Yoshino afirmou que, em um primeiro momento, hesitou sobre se deveria atacar o problema da desigualdade entre homens e mulheres. Finalmente, ela decidiu fazer isso para “não perder essa oportunidade de romper o teto de vidro” que limita a ascensão das mulheres no mercado de trabalho no Japão.

O Japão aparece em 120º lugar de um total de 156 países no ranking de 2021 do Fórum Econômico Mundial sobre paridade de gênero, uma “posição muito baixa para um país considerado avançado, ou desenvolvido”, lamentou Yoshino, insistindo em que quer “atacar de frente” esse problema.

A disparidade salarial entre homens e mulheres e a baixa representação das mulheres em cargos de chefia se explicam, sobretudo, pela “divisão tradicional de papéis entre os sexos no Japão, ainda muito enraizada, tanto no mundo do trabalho como na sociedade e na família”, explicou.

Deste modo, “espera-se que as mulheres sejam, ou se tornem, boas esposas e boas mães”, criticou, destacando que muitas japonesas têm de deixar seu emprego quando engravidam, ou para cuidar dos seus filhos.

E, quando conseguem voltar para o mercado de trabalho após a gravidez, “muitas vezes têm menos oportunidades de encontrar um emprego de duração indefinida”. Por causa disso, são as primeiras vítimas dos caprichos da economia, afirmou Yoshino.

Ela lamentou que a representação feminina seja “tão baixa na esfera política quanto no mundo do trabalho” e lembrou que a proporção de candidatas nas eleições legislativas do Japão em 31 de outubro foi de apenas 18,4%.